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O sequestro de jornalistas em Manaus e a pobreza dominante


Por Raimundo de Holanda

02/09/2019 19h09 — em
Bastidores da Política



O assalto a uma loteria e o sequestro relâmpago de jornalistas nesta segunda-feira,  são fatos que compõem um quadro de violência visível em Manaus e que tem tomado dimensões preocupantes. Some-se a isso a pobreza dominante - que se expressa agressivamente nos sinais de trânsito, com mães  maltrapilhas pedindo esmolas com crianças no colo. Não importa de onde vêm, ou se são de outra nacionalidade. Importa que se abriu a fronteira do  Estado e do país para receber migrantes fugidos da fome e da perseguição política  para tratá-los como sub-humanos, sem empregos, sem moradia, sem comida na mesa.

Nada diferente dos brasileiros que se espremem em casebres na periferia de uma cidade que parece ter aprendido a esconder suas feridas.

A violência é produto de tudo isso - da falta  de sensibilidade política,  da ausência de um trabalho que  leve a construção de  alternativas de desenvolvimento que crie oportunidades para a massa mais pobre   ter empregos, manter o filho na escola, a família unida e com esperança.

Responder apenas com polícia e presídios, como vem fazendo os sucessivos governos, é criar uma nação de bandidos presos e bandidos soltos. Os primeiros acusados de crimes diversos; os segundos sem acusação formal, mas cometendo crimes ao não respeitarem as leis e a criarem privilégios cada vez maiores, onde de um lado ficam os que nada tem como cidadãos de segunda classe; de outro uma casta que fala em lei e ordem, mas subverte essa mesma lei ao tramar  para prender, ao  forja provas, ao defender abertamente e sem pejo  o abuso de autoridade.

Pra essa essas pessoas não existe prisão,  nem dificuldades. E nem percebem que são os  verdadeiros criadores  da violência que está aí, batendo à nossa porta. 

AMNÉSIA 1 - Depois de o presidente Bolsonaro ter rejeitado o apoio financeiro da Alemanha e da Noruega ao Fundo Amazônia, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles chegou   em Belém (PA)) com um discurso de distensão com os europeus, que deve ser repetido nesta terça-feira  em Manaus.

AMNÉSIA 2 - Como se nada tivesse acontecido, ele disse que desde o início do ano o governo negocia com os doadores a melhoria da governança do Fundo e a aplicação dos recursos doados.

A MORTE DO PROFESSOR  - A morte do professor de direito constitucional Roosevelt Braga dos Santos, aos 85 anos, ocorrida na noite de domingo, deixa uma grande lacuna na advocacia e no saber jurídico do Amazonas. Em vida foi bastião de uma geração que primava pelo dever, a honra e a ética profissional.

CORTINA DE FUMAÇA - Enquanto o governo federal cria uma ‘cortina de fumaça’ com uma força-tarefa de ministros visitando as duas grandes capitais da Amazônia, Belém e Manaus, as queimadas continuam aumentando e devorando centenas de milhares de árvores derrubadas para a criação de grandes fazendas de gado.

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ASSUNTOS: assalto a loteria-polícia, Manaus, sequestro de jornalistas, violencia, violência, violência

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.