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O 'sonho americano' acabou


Por Raimundo de Holanda

24/01/2025 21h13 — em
Bastidores da Política


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Um amigo retornou ontem dos EUA. Deportado. Ele conta as humilhações sofridas e o pesadelo no qual se transformou o "sonho americano", tão difundido, em nome da oportunidade de prosperidade que balizou a sociedade americana a partir do século XVIII, parte de um ideal de liberdade que agora parece desaparecer  definitivamente.

Nunca entendi sua partida, nem porque via na América do Norte "o país da liberdade e das oportunidades". 

Sempre mostrei para ele que os EUA era o país mais desigual do Planeta - que há ali uma sociedade branca e outra negra (extremamente pobre), além de latinos considerados a escória da sociedade  pelo próprio governo. 

Que a democracia era propaganda; que oportunidades de prosperar não existiam, nem mesmo para parte substantiva dos nativos da nação.

Não me ouviu. Retorna mais pobre,  sem  a casa que vendeu no Brasil para custear a viagem e a estadia até conseguir um emprego, se regularizar  temporariamente  e depois requerer a cidadania. O sonho acabou.

Não há melhor lugar para se viver que o país onde se nasceu. O Brasil é cheio de desigualdades, mas uma nação ainda jovem, que procura um caminho que precisamos conquistar.

O "sonho americano" - aliás eles se apossaram do nome América indevidamente - é para estadunidenses.

Temos que viver no Brasil, mudar as estruturas corruptas que conduzem ao atraso; ajudar a criar instituições fortes que protejam os cidadãos e controlem os governos. 

Instituições que não ataquem a democracia em nome de sua defesa e de falsos argumentos para regular a vida da população.

Estamos longe disso. Mas há futuro aqui, há esperança. E é confortante.

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ASSUNTOS: Brasil, deportações, latinos, sonho americano, Trump

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.