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O tempo que os vereadores de Manaus gastam com abobrinhas


Por Raimundo de Holanda

04/12/2024 23h53 — em
Bastidores da Política


  • Mais eficaz do que discutir em plenário durante cinco dias o sexo dos anjos, ou chamar um dos pares de "distinto farsante" e começar uma discussão que acaba resultando em quebra de decoro, é manter uma presença diária nos bairros, levantando os problemas da população e buscando soluções junto ao Poder Executivo - que afinal é quem dispõe dos recursos.
  • Quem deve controlar o vereador, seja pela presença nas comunidades ou na Câmara, é o cidadão, que votou nele e sabe onde o trabalho do parlamentar é mais útil.

O vereador é importante para uma cidade e é o político mais próximo dos eleitores. Conhece suas demandas e aflições. Seu papel não é apenas legislar, até pelas dificuldades de emplacar leis além dos ridículos títulos de cidadão de Manaus, ou empurrar o nome da mãe ou pai de um político (ou empresário influente) em uma escola ou em uma ponte.

A discussão em torno da presença dos vereadores em plenário durante os cinco dias da semana, iniciada pelo vereador Rodrigues Guedes ( Progressista) carrega o verniz da moralidade, mas na prática revela uma forma canhestra de projeção política em cima de uma farsa: a de que o que vale é o discurso inútil e o distanciamento do eleitorado.

A Casa Legislativa é fundamental para a discussão de projetos, avaliação de decretos executivos, mas os vereadores não podem - e não devem - fazer da Câmara uma redoma, onde durante os dias úteis da semana se dedicam a falar abobrinhas. 

Mais eficaz do que discutir em plenário durante  cinco dias o sexo dos anjos, ou chamar um dos pares de "distinto farsante" e começar uma discussão que acaba resultando em quebra de decoro, é manter uma presença diária nos bairros, levantando os problemas da população e buscando soluções junto ao Poder Executivo - que afinal é quem dispõe dos recursos.

O contato com o eleitor é importante. Tão  importante que é da Câmara que tem saído as maiores votações em eleições proporcionais para deputado  estadual e federal, exatamente por esse elo que não pode ser quebrado.

Quem deve controlar o vereador, seja pela presença nas comunidades ou na Câmara, é o cidadão, que votou nele e sabe onde o trabalho do parlamentar é mais útil.

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ASSUNTOS: cmm, faltas, Manaus, vereadores

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.