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Movimentação suspeita na Seduc deve ser investigada


Por Raimundo de Holanda

24/07/2019 20h31 — em
Bastidores da Política



A Ata do Pará, que a Pafil  Construtora e Incorporadora LTDA emplacou na Seduc e obteve o contrato de R$ 26 milhões no dia 30 de abril, expirava a meia  noite daquele  dia. Por isso o ‘viradão’ de funcionários do Estado,  num esforço redobrado para aprovar e homologar o pregão destinado a  contratar a empresa para prestar serviços de reparos nas escolas da rede estadual.

Da janela do prédio da secretaria, no bairro do Japiim, algum alto funcionário da Pafil olhava o relógio: 15 minutos  para a meia noite. Deve ter respirado aliviado. Com o  cigarro aceso, olhava a lua perdida  entre as chaminés das  empresas do  Distrito Industrial.  E pensou como o personagem  da  série Crepúsculo, Edward Cullen, “ Então como era possível que o sol estivesse nascendo agora, bem no meio da meia-noite?"

 Não era sol, era a lua, mas tem gente que nasce com a bunda para a lua  ou com sorte. Seria sorte mesmo ?

Se essa mobilização dos funcionários da Seduc em horário extraordinário  e prá lá de suspeita, decisiva para  cercear o direito de outros interessados em disputar o certame, ou questioná-lo em razão de uma Ata também suspeita, não é suficiente para anular o pregão da Pafil, então  o  principio de moralidade administrativa no serviço público foi para o espaço.

Se isso - apenas isso - fora outras supostas irregularidades no certame, não for levado em conta pelos órgãos de controle - TCE- MPC, MPF, CGU - então fiquemos com os fantasmas da meia noite e observemos luzes acesas num vai-e-vem de funcionários se tornar rotina numa cidade cheia de pecado e segredos. Que eles  fiquem por lá até o dia amanhecer... ou despertados  pelas sirenes dos carros pretos vindos lá do outro lado da cidade...

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ASSUNTOS: Amazonas, Bolsonaro, Luiz Castro, Pafil Incorproadora, Sedc, The Intercept, wilson lima

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.