Xerife da Lava Jato perdeu a sua estrela
- Bolsonaro, ao falar da necessidade de o STF ter na sua composição um ministro evangélico ou está antecipando o descarte de seu ministro da justiça ou, no mínimo, está sendo indelicado com ele.
Pelo menos por duas vezes o presidente Bolsonaro manifestou desejo de indicar um ministro evangélico para o Supremo Tribunal Federal. Como agora parece ser essa a prioridade do presidente, onde fica a promessa feita a Sérgio Moro de que ele seria o indicado, no caso da abertura de uma vaga na Suprema Corte? A primeira só surgira em 2020, com a aposentadoria compulsória de Celso de Mello, em 1o de novembro. A segunda em 2021, quando Marco Aurelio de Melo completa 75 anos. Bolsonaro, ao falar da necessidade de o STF ter na sua composição um ministro evangélico ou está antecipando o descarte de seu ministro da justiça ou, no mínimo, está sendo descortês com ele.
E com o presidente dando sinais de que pode acabar de fritar o ex-juiz da lava jato - com a declaração de que não pode confiar 100 por cento nele - Moro fica em uma situação delicadíssima dentro do governo, onde já é grande seu desgaste com o vazamento de chats privados nos quais orienta procuradores a buscarem provas contra acusados de corrupção.
O fato é que o xerife da Lava Jato perdeu a sua estrela. A cada dia ele murchar mais, encolhe mais, se decompõe mais, se desidrata mais.
O sonho de chegar o STF, alimentado pela promessa de Bolsonaro, parece agora muito distante para Moro
ASSUNTOS: Bolsonaro, Dalton Dallagnol, sergio moro, STF, The Intercept
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.