Ódio, inveja: o inimigo do nosso lado e demoramos a perceber
Fomos treinados a esquecer. Está na nossa natureza. Quando alguém que amamos morre, choramos. Mas logo seguimos em frente, sem olhar para trás. É a vida que continua e sabemos muito bem para onde caminhamos...
O difícil e penoso é conviver com quem está entre nós e rompeu nossa confiança. Relações que tardiamente percebemos que eram tóxicas, nos envenenavam com mentiras e conspirações que minavam nossa fé.
Essa gente que abrigamos em nossa casa, que compartilhamos nosso pão e para as quais estendemos nossas mãos, se alimenta da inveja que leva ao ódio. Elas atuam como hienas dispostas a devorar nossa carne e moer nossos ossos.
Um velho amigo disse certa vez que nossos maiores inimigos estão do nosso lado e isso dificulta a percepção do perigo que nos ronda.
Mas como nos defender sem cair na mesma lama na qual essa gente se suja? Admitir que em algum momento erramos e que precisamos nos conter para não avançar sobre o direito dos outros, nem abalar a confiança que conquistamos.
Se todos admitissem o seu lado mau e refletissem sobre boas coisas e mudança de atitude, o mundo seria melhor.
Como sugestão lembro do poema de Flaira Ferro: Me curar de mim. Ela aponta caminhos que valem para todos nós.
Me Curar de Mim
Música de
Flaira Ferro
Sou a maldade em crise
Tendo que reconhecer
As fraquezas de um lado
Que nem todo mundo vê
Fiz em mim uma faxina
E encontrei no meu umbigo
O meu próprio inimigo
Que adoece na rotina
Eu quero me curar de mim
Quero me curar de mim
Quero me curar de mim
O ser humano é esquisito
Armadilha de si mesmo
Fala de amor bonito
E aponta o erro alheio
Vim ao mundo em um só corpo
Esse de um metro e sessenta
Devo a ele estar atenta
Não posso mudar o outro
Eu quero me curar de mim
Quero me curar de mim
Quero me curar de mim
Vou pequena e pianinho
Fazer minhas orações
Eu me rendo da vaidade
Que destrói as relações
Pra me encher do que importa
Preciso me esvaziar
Minhas feras encarar
Me reconhecer hipócrita
Sou má, sou mentirosa
Vaidosa e invejosa
Sou mesquinha, grão de areia
Boba e preconceituosa
Sou carente, amostrada
Dou sorriso e sou corrupta
Malandra, fofoqueira
Moralista, interesseira
E dói, dói, dói me expor assim
Dói, dói, dói despir-se assim
Mas se eu não tiver coragem
Pra enfrentar os meus defeitos
De que forma, de que jeito
Eu vou me curar de mim
Se é que essa cura há de existir
Não sei, só sei que a busco em mim
Só sei que a busco
Me curar de mim
Me curar de mim
Me curar de mim
Me curar de mim
Compositor: Flaira Fernanda Cardoso Ferro.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.