Operação do MP/PF na SSP tornou ambiente irrespirável
- O ambiente ficou tóxico, irrespirável. Esperava-se do governo uma posição contundente, de repúdio ao ocorrido, associada ao anúncio de medidas saneadoras no principal órgão de segurança. Mas a própria nota do Executivo - sobre a operação - foi tímida...
A ‘Operação Comboio’, deflagrada nesta terça-feira pelo Ministério Público do Amazonas e Polícia Federal, desarticulou uma quadrilha que utilizava o aparelho de segurança do Estado para extorquir, corromper e lavar dinheiro extraído de apreensões regulares contra o tráfico de drogas. Se a operação representa um avanço importante do órgão de controle para evitar que um braço do Estado, colocado na linha de frente para defender a sociedade contra o crime, apodreça, de outro fragiliza um governo que não percebeu sinais, muito claros, emitidos desde 2021,de associação criminosa da polícia com o crime.
A prisão do secretário de inteligência, Samir Freire, na ‘Operação Garimpo Urbano’, em julho daquele ano, por desvio de cargas de ouro em abordagens policiais, já indicava a necessidade de uma mudança radical na estrutura da segurança pública.
Não foi surpresa para ninguém a operação desta terça-feira. Ao não se antecipar, promovendo mudanças na Secretaria de Segurança, afastando policiais corruptos, o governo assumiu um risco político com consequências previsíveis.
O ambiente ficou tóxico, irrespirável. Esperava-se do governo uma posição contundente, de repúdio ao ocorrido, associada ao anúncio de medidas saneadoras no principal órgão de segurança.
Mas a própria nota do governo - sobre a operação - foi tímida: de apoio, inclusive com a demissão do secretário Carlos Mansur, “para não haver interferência nas investigações’. Ora. Por que não defender medidas drásticas para preservar o moral dos bons policiais, que agora entram no rol dos suspeitos, e colocar a Corregedoria para trabalhar, promovendo os expurgos que forem necessários?
Por que não demonstrar profunda indignação e desconforto com o episódio e agir rapidamente para fechar uma ferida que continua aberta? E que vai sangrar por algum tempo, até que tudo seja esquecido…
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ASSUNTOS: Carlos Mansur, Gaeco, Operação Comboio, policia federal, SSP, Victor Mansur
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.