OPERAÇÃO SANGRIA: justificativa da PGR para prorrogar prisão de acusados
Ao alegar que “a coleta de provas relativa aos investigados detidos temporariamente durante a Operação Sangria, foi iniciada, mas ainda não concluída", para justificar o pedido de prorrogação da prisão temporária dos acusados, a subprocuradora-geral da República, Lindôra Maria Araújo, se utiliza de um artificio questionável para mantê-los presos.
Provas há, mas ao fazer essas alegações, a subprocuradora passa a ideia, ruim, de que não havia evidência que sustentasse não apenas a operação, já realizada - ou que o material colhido durante as buscas não balizaria o inicio de um processo judicial contra os acusados. Não ainda.
As acareações são importantes na montagem do inquérito - e é este o objetivo da subprocuradora ? São. Mas podem ser realizadas independentemente de os acusados continuarem presos..
Apelar para a tortura do confinamento para que pessoas falem talvez mais do que fizeram nos leva a tempos medievais.
O que se questiona são contradições nos argumentos da PGR- entre realizar a operação e os motivos que alega para a conclusão do inquérito.
O ministro optou pela prisão domiciliar. Mas o episódio chama a atenção para o fato de que a PGR está indo além do seu papel de fiscal da sociedade. Quer ser a Polícia e quer ter a caneta para confinar acusados sem condenação formal. Quer, mas não tem esse papel. Os pedidos de prorrogação de prisões temporárias ocorrem em excesso e são acatados porque o Judiciário tornou-se pequeno.
ASSUNTOS: Lindôra Maria Araújo, Operação Sangria, PGR, STJ, Susam, wilson lima
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.