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Os pecados de Braga e Omar


Por Raimundo de Holanda

13/03/2016 23h59 — em
Bastidores da Política



Pode não significar nada para a justiça a citação de Omar Aziz e Eduardo Braga em delação feita pelo ex-presidente da Andrade Gutierrez. O que se sabe até aqui é que foram citados, mas não em que nível ou se foram apresentadas provas de que fizeram parte do esquema criminoso investigado pela Operação Lava Jato

 

O que complica neste momento a situação de Omar e Braga é o fato de terem discursos diferentes para ( por enquanto) a mera insinuação de que teriam recebido propina pelas obras da Arena Amazônia.

 

À medida que, de forma direta ou não, um acusa o outro de ter homologado a licitação da arena ou empenhado e pago pelas obras – o que não significa ter recebido propina por elas -  plantam  a desconfiança de que, nessa história, não  existe inocentes.

 

Ou os dois se entendem e afinam um  discurso que por enquanto os joga no centro do redemoinho da Lava Jato, ou terminarão muito cedo uma carreira politica que parecia promissora. 

QUEM FOI QUEM NAS OBRAS DA ARENA

Só pra ‘coisa’ ficar mais clara. De acordo com o Copa Transparente, Portal de Acompanhamento de Gastos para a Copa de 2014, a obra da Arena da Amazônia, com um Custo estimado total de R$  499.508.704,17, teve seu Projeto Básico realizado em 20 de janeiro de 2010; e numa sequência ultrarrápida teve o Edital de Licitação publicado apenas quatro dias depois, em 25 de janeiro de 2010. Um mês depois, em 24 de fevereiro de 2010, as Propostas foram entregues e abertas no mesmo dia. Das 16 empresas que retiraram o Edital, somente duas apresentaram propostas: as construtoras Andrade Gutierrez e Norberto Odebrecht. A contratação da obra só aconteceu no dia 1º de julho de 2010 e a demolição do estádio Vivaldão começou no dia 12 do mesmo mês, ao custo de R$ 32 milhões.

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Eduardo Braga ainda era governador até março de 2010. Ele  se afastou do governo apenas no 31 daquele mês, quando renunciou para disputar o Senado. A partir dai o governo foi comandado pelo vice. Omar Aziz, hoje senador. 

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A ligação entre o empenho e a propina não existe no âmbito da legalidade pública. Já na realidade pública a propina se tornou, nos últimos tempos, um dos elos ‘oficiosos’ das licitações e contratações de obras, serviços e compras públicas. Uma realidade que, se antes ficava escondida nos meandros do caixa2, agora se revela em toda a sua extensão nos desdobramentos da operação Lava Jato. Mesmo assim, a maioria dos ‘citados’ ainda reage com indignação e surpresa quando seu nome surge nas investigações.

A FORÇA DAS RUAS

Neste domingo o povo brasileiro voltou às ruas. E voltou com a força das águas de março fechando o que talvez seja o último verão do governo do PT. O Congresso reabre hoje suas portas para uma semana embalada pela força das multidões que deixaram claro o que seus ‘eleitos’ precisam fazer. O impeachment da presidente Dilma agora não é mais um ‘golpe’ da oposição, mas uma exigência de milhões de brasileiros. Com a crise corroendo o bolso e os escândalos envolvendo a cúpula política e empresarial ligada ao governo, o brasileiro ‘sacrificou’ a folga de domingo para ir à rua dizer o que quer. E não quer menos do que uma faxina com ácido nas entranhas do poder, corroído pela degeneração moral, a incompetência política e a asfixia econômica. Como as coisas irão acontecer daqui pra frente é incerto. Certeza mesmo só uma: o futuro à Lava Jato pertence.

A FORÇA DA INDIGNAÇÃO NA PONTA NEGRA

Manaus mostrou a força da sua indignação contra os escândalos de corrupção e falta de iniciativa  do governo do PT para tirar o país do ‘buraco’. Segundo a Polícia Militar cerca de 20 mil pessoas participaram ontem da manifestação de rua contra a corrupção e pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Uma concentração começou na Avenida Constantino Nery e seguiu em carreta até a Ponta Negra, na zona Oeste, para onde se dirigiu a multidão em caminhada. Da mesma forma que em todas as outras cidades, não houve nenhum confronto com manifestantes pró-PT registrado. Os manifestantes começaram a se dispersar após as 18h.

MARINA COLOCA A CARA DE FORA

A senadora Marina Silva não perdeu a oportunidade das manifestações de rua deste domingo para mais uma vez mostrar a sua ‘gana’ em disputar a eleição presidencial ainda neste ano. Nas redes sociais manifestou o apoio da REDE ao direito de livre manifestação de ideias e ao aprofundamento das investigações da Operação Lava Jato. E aproveitou para defender não o impeachment, mas a impugnação de mandato eletivo de Dilma e Temer movido junto ao TSE. Neste caso haveria nova eleição.

 

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ASSUNTOS: Andrade Gutierrez, delação, Eduardo Braga, Lava Jato, lula, Omar Aziz, sergio moro

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.