PEC da insegurança
- As máfias incrustadas no poder público - em todos os poderes - são muito mais organizadas que grupos como PCC e CV. Atuam driblando a lei ou dando à lei a interpretação que lhes convém.
- Estão nos governos, onde o dinheiro público é desviado descaradamente e ninguém é responsabilizado.
- Sem esse olhar sobre os fatores que geram violência, qualquer projeto para a área resultará em estrondoso fracasso.
A proposta de Emenda Constitucional do governo Lula para a segurança pública é ousada. Passa por cima da autonomia dos estados e reduz o chamado crime organizado às ações do PCC e do Comando Vermelho, que o ministro Ricardo Lewandowski define como "máfia brasileira".
O ministro acerta quando afirma que "o crime está saindo da ilegalidade e passando para a legalidade em uma transição que dificilmente é averiguada”.
Só esqueceu que as máfias estão nos tribunais, onde juízes vendem sentenças ou libertam criminosos em troca do vil metal.
Nos governos onde o dinheiro público é desviado descaradamente e ninguém é responsabilizado.
Nas igrejas que vendem um lugar no céu e uma pseuda prosperidade em troca de casas, de bens, gerando mais pobreza e desigualdade.
Nos hospitais, onde médicos fazem corpo mole, enquanto funcionários desviam medicamentos que não chegam na ponta, provocando dor e morte.
Não tem nada de louvável nessa PEC, que traz embutido o risco de desmobilizar as forças estaduais que atuam de forma organizada.
Tornar um plano desse viável, envolvendo a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal exigiria dezenas de anos, com concursos para milhares de vagas, treinamento de pessoal , recursos astronômicos para carros e armamentos...
Além da necessária mudança de mentalidade sobre "crime organizado". Que não é apenas o PCC E CV. São as máfias incrustadas no poder público - em todos os poderes - muito mais organizadas, porque atuam driblando a lei ou dando à lei a interpretação que lhes convém.
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ASSUNTOS: CV, MÁFIA, PCC, PEC DA SEGURANÇA
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.