PF afrouxa com tráfico e Estado não controla nem presídios
- PF volta-se para crimes ambientais e afrouxa com tráfico
- Polícia suspeita de polícia
- BR 319 pode se tornar nova rota para o tráfico
- 'Presídio fala': Ordem de matar sai direto do Compaj
A cocaína que sai do Amazonas para abastecer o Sul do País e a Europa rende aos traficantes algo em torno de 5 bilhões de dólares/ano. É uma cifra alta, manchada por sangue, violência, pobreza e corrupção. Como a Polícia Federal desmantelou a Base Anzol e acomodou-se apenas no combate aos crimes ambientais, o tráfico da droga pelos rios do Amazonas foi facilitado e tende a ganhar uma rota mais segura para o Centro-Sul, com a abertura da BR 319. Nada contra a rodovia, necessária ao desenvolvimento do Estado, mas é uma rota nova almejada pelas organizações criminosas, especialmente o Comando Vermelho, que assumiu o protagonismo do tráfico após o desmantelamento da Família do Norte.
SUSPEITOS NA POLÍCIA
Os traficantes acabam beneficiados pelo distanciamento das policias Federal, Civil e Militar, que deixaram de produzir informações estratégicas e relatórios de inteligência. Por vaidade de uns ou suspeita de outros de que alguém de um dos lados facilita a vida dos traficantes. Na prática, falta confiança - o elo que garante que a troca de informações resultará em ações eficazes de combate ao crime e que não haverá vazamentos.
Sem essa confiança as policias param, o crime cresce, a sociedade perde.
Cabe aos governos Federal e do Estado sentarem em torno de uma mesa para chegarem a um termo, eliminando possíveis suspeitos de traírem a confiança dessas instituições e da sociedade.
ORDEM DE MATAR
Há um problema local que o Estado do Amazonas poderia resolver: a matança em Manaus - foram 115 mortes em janeiro e não 104, como havíamos divulgado - ocorre a partir de ordem de traficantes presos no Compaj. Um oficial da PM definiu o que ocorre bem na frente das autoridades: “o presídio fala, o presídio ordena”.
O problema é que ninguém quer escutar e agir. Falta, mais uma vez, inteligência.
ASSUNTOS: Amazonas, PF, piratas de rios, Policia Federal, rio solimões, tráfico de drogas
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.