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Pistoleiros matam cada vez mais em Manaus. De onde vieram ?


Por Raimundo de Holanda

21/08/2022 20h50 — em
Bastidores da Política



Quatro homens invadiram uma festa de aniversário e mataram Guilherme Barroso dos Santos, de 18 anos. Essa é uma notícia do sábado, que se repete com outras vítimas e outros autores a cada semana em Manaus. Eles não temem câmeras de segurança nem pessoas que possam testemunhar o assassinato. Agem de forma destemida e abusiva. A razão é simples: se presos, suas famílias passam a ter uma “pensão” das organizações criminosas, às quais devem obediência.

Crimes de pistolagem são uma forma  de fazer dinheiro, com as organizações também focadas em roubos de celulares e assaltos. São meios de financiarem a compra e distribuição de drogas.

A Polícia sabe de onde partem as ordens para os assassinatos: da casa de formação de novos bandidos - os presídios do Amazonas.

Cada homem (ou mulher) que entra no sistema prisional acaba sendo cooptado pelas organizações criminosas. A razão é simples, os presídios  acabaram se tornando o quartel-geral do crime organizado.  No Amazonas e no resto do País.

Se o crime lucra e espalha paulatinamente  o terror na sociedade, há um outro tipo de delito praticado mediante normas legais: pagamento de milhões de reais às empresas gestoras do sistema prisional e dinheiro rolando para bolsos de muitos burocratas e políticos.

No Amazonas, essa relação promíscua de empresas que administram presídios ficou bem clara em 2010, quando a Umanizzare repassou como doação de campanha para Silas Câmara, deputado federal e pastor da Assembleia de Deus, R$ 200 mil. E levou dinheiro para a mulher do deputado, Antônia Lúcia Câmara, então candidata a deputada  pelo Acre. Silas tinha tanta influência que até seu filho, Daniel Ramos Câmara, candidato a deputado estadual pelo mesmo Acre recebeu da Umanizzare R$ 150 mil. Na época, três reais valiam quase 1 dólar. Era muita grana no carrinho dos Câmaras.

Quem disse que essa relação promíscua não acontece hoje envolvendo outros políticos? Cabe ao Ministério Público investigar, porque ficou mais fácil uma empresa privada dar dinheiro para político: por fora, já que a legislação eleitoral foi alterada para, curiosamente, acabar com as doações de empresas, mas acabou facilitando a corrupção.

O leitor pode achar que está faltando uma liga no texto - o crime de pistolagem...as orcrims mandando nos presídios, novos soldados do crime sendo formados e saindo para as ruas com a missão de roubar e matar. E o cidadão pagando uma conta que não se reveste na recuperação do preso, mas em mais violência, enquanto as empresas lucram e políticos levam sua parte. 

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.