Quem pode parar Bolsonaro já está nas ruas
Tornou-se recorrente a expressão de que no Brasil a democracia funciona, os poderes são harmônicos entre si, que há um sistema de freios e contrapesos que inibiria atos autoritários do Executivo. Mas o STF parece intimidado e o Congresso, via Centrão, cooptado.
O sistema de freios e contrapesos apresenta falhas, está mal regulado e com manutenção prejudicada.
O problema dos freios em um automóvel é a qualidade das peças. No Judiciário, as escolhas políticas, que deixam de fora da Suprema Corte as melhores mentes jurídicas. No Legislativo, a falta de escolaridade da população e o voto obrigatório, que privilegiam o pior capital intelectual, a pior formação humana e cristã, os piores ideais. Quer dizer, a qualidade das peças desse automóvel que chamamos democracia brasileira é ruim.
Pela frente, dois grandes riscos na estrada: Parar e se entregar a pistolagem de quem persegue a democracia para subjugá-la, ou acelerar sem controle, até cair no abismo.
Congresso e Supremo perderam o protagonismo da defesa da democracia. E isso ficou claro com as sucessivas e abusivas intervenções do presidente Bolsonaro, inclusive com o cerco da Suprema Corte por sua milícia.
Bolsonaro não vai dar um golpe. Ele não precisa. Já avançou suficientemente sobre os demais poderes. Falta o último lance para ser reconhecido por todos como “mito”, e não apenas pelos seus vesgos seguidores.
Mas há um quarto poder que aos poucos vai sendo despertado e que pode fazer renascer o vigor perdido pelo STF e pelo Congresso: o clamor da opinião pública por democracia, que começa a tomar as ruas. O povo nas ruas é o único poder que pode parar Bolsonaro.
A FAMÍLIA ZERO
O governo Bolsonaro queria transformar o Brasil num campo de guerra, com suas milícias virtuais e presenciais insuflando a violência. Mas o caos pretendido não veio. Ao contrário, o ódio destilado do coração do governo chamou o povo de voltas às ruas, para mostrar que quer paz.
Chega da violência miliciana e das facções criminosas. A ‘família zero’ que alimentou sua ascensão política no caldo dessa poção, vai descobrir que o veneno mata o envenenador.
O povo esperou pacientemente que os poderes constituídos se alinhassem e colocassem um basta no extremismo pernicioso do governante e seus auxiliares. O vírus foi aliado do ódio.
Mas até a quarentena tem um tempo para acabar, assim como as ‘alucinações’ de um governante que pretendia esmagar a nação e suas instituições. A hora da resposta chegou.
ASSUNTOS: democracia, george floyd, imachment, manifestações contra bolsonaro, trump
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.