A política do pensamento único
- Num pais onde vige a soberania popular, as instituições funcionam em torno da premissa de que são as opiniões dos cidadãos que constituem o arcabouço da democracia. E o Estado estimula a divergência, sem qual é impossível falar em governo do povo ou governo de ideias.
A segurança jurídica é tão ou mais importante que a segurança pública. Na primeira é assegurado ao cidadão direitos estabelecidos pela lei e as conquistas daí derivadas - como pensar diferente e defender princípios antagônicos àqueles prevalecentes, num ambiente de liberdade, de negócios e de responsabilidade. A segunda é consequência dessa noção de cidadania, de respeito ao outro, de limites, de oportunidades e de educação.
A violência, seja nas ruas - na forma de roubos, assassinatos, corrupção, decisões judiciais injustas, intrigas e outros crimes - é um desajuste social que tem raízes na falta de segurança jurídica. É o estado ausente, sem oferecer serviços eficientes nas áreas de saúde, educação e sem políticas eficientes que fomentem a geração de empregos.
A perda de liberdade no Brasil é semelhante a um corpo que sangra de forma intensa e ininterrupta, chegando a um estado de choque hipovolêmico. Esse corpo está seriamente ameaçado de perder seus sinais vitais. Esse corpo se chama democracia.
Meus amigos sempre alertam:”olha, você não pode falar sobre isso. É arriscado. Amanhã ou depois, de manhã, ‘toc, toc’ na sua porta”.
Mas do que estou falando, a não ser exercendo o direito de dizer que o País está tomando um rumo equivocado, que os poderes da República, que deveriam zelar pela segurança jurídica - a que defendemos acima - se omitem ou se unem em torno de um caça às bruxas que não tem fim e que mina a confiança dos brasileiros nas instituições.
Ninguém transgride mais às leis e ameaça a democracia do que aqueles que se comportam e agem em defesa do pensamento único.
Num país livre as instituições funcionam em torno da premissa de que são as opiniões dos cidadãos que constituem o arcabouço da democracia. E o Estado estimula a divergência, sem qual é proibido falar em governo do povo ou governo de ideias.
Tudo o que falta ao Brasil deste tempo que vivemos…
ASSUNTOS: democracia
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.