Compartilhe este texto

A política do pensamento único


Por Raimundo de Holanda

12/02/2024 20h47 — em
Bastidores da Política


  • Num pais onde vige a soberania popular, as instituições funcionam em torno da premissa de que são as opiniões dos cidadãos que constituem o arcabouço da democracia. E o Estado estimula a divergência, sem qual é impossível falar em governo do povo ou governo de ideias.

A segurança jurídica é tão ou mais importante que a segurança pública. Na primeira é assegurado ao cidadão direitos estabelecidos pela lei e as conquistas daí derivadas - como pensar diferente e defender princípios antagônicos  àqueles  prevalecentes, num ambiente de liberdade, de negócios e de responsabilidade. A segunda é consequência dessa noção de cidadania, de respeito ao outro, de limites, de oportunidades e de educação. 

A violência, seja nas ruas - na forma de roubos, assassinatos, corrupção, decisões judiciais injustas, intrigas e outros crimes - é um desajuste social que tem raízes na falta de segurança jurídica. É o estado ausente, sem oferecer serviços eficientes nas áreas de saúde, educação e sem políticas eficientes que fomentem a geração de empregos.

A perda de liberdade no Brasil é semelhante a um corpo que sangra de forma intensa e ininterrupta, chegando a um estado de choque hipovolêmico. Esse corpo está seriamente ameaçado de perder seus sinais vitais. Esse corpo se chama democracia. 

Meus amigos sempre alertam:”olha, você não pode falar sobre  isso. É arriscado. Amanhã ou depois,  de manhã, ‘toc, toc’ na sua porta”. 

Mas do que estou falando, a não ser exercendo o direito de dizer que o País está tomando um rumo equivocado, que os poderes da República, que deveriam zelar pela segurança jurídica - a que defendemos acima - se omitem ou se unem em torno de um caça às bruxas que não tem fim e que mina a confiança dos brasileiros nas instituições. 

Ninguém transgride mais às leis e ameaça a democracia do que aqueles que se comportam e agem em defesa do  pensamento único.

Num país livre as instituições funcionam  em torno da premissa  de que são as opiniões dos  cidadãos que constituem o arcabouço da democracia. E o Estado estimula a divergência, sem qual é proibido falar  em governo do povo ou governo de ideias.

Tudo o que falta ao Brasil deste tempo que vivemos…

 

Siga-nos no

ASSUNTOS: democracia

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.