Política habitacional equivocada no Amazonas
- O grande lesado é o contribuinte. E Manaus, que vem ganhando o status de favela…
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A construção de casas populares pelo governo do Amazonas não tem contribuído para reduzir a falta de moradia em Manaus. A razão é simples: independentemente da faixa beneficiada, os imóveis acabam sendo negociados de forma precária, via procuração ou recibo. Quer dizer, ao tentar solucionar um problema crucial numa cidade do tamanho de Manaus, com 100 mil famílias vivendo em submoradias ou mesmo em situação de rua, as habitações populares acabam servindo a um mercado ilegal.
Quem perde não são as famílias que vivem precariamente e tomam posse de um imóvel custeado com dinheiro público, mas o Estado, de um lado, e o contribuinte de outro, que paga o preço de uma política habitacional equivocada.
O ideal seria inverter a forma como o imóvel é entregue - não de compra a juros zero e com prestação irrisória, mas num sistema de aluguel barato, permitindo que as famílias fiquem no imóvel por prazo fixado em meses ou ano, com esse contrato sendo renovado após a certificação de que ele continua habitado pelo primeiro contratante.
Do contrário, o governo continuará estimulando esse mercado de esperteza, no qual os agentes públicos também lucram. O grande lesa(do) é o contribuinte. E a cidade, que vem ganhando o status de favela da floresta.
ASSUNTOS: casa própria, favela, Manaus

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.