Povo de saco cheio e sem esperança
A coluna foge hoje do seu eixo, motivada pela insatisfação dos leitores com a política, com o terrorismo da direita e com o alarmismo da esquerda sobre as ameaças às instituições, ainda incipientes, e que em seu nome autoridades estabelecem um regime judicial nocivo à própria democracia.
Ninguém percebe - nem a direita que aposta no caos, nem a esquerda que alimenta o caos, que o povo quer saídas. Quer saber o que pode ser feito para pacificar o país.
Como não há respostas, exceto ameaças, cresce a insatisfação com os políticos e com a justiça, aparentemente feita para amigos.
De outro lado, cresce a pobreza, apesar dos programas sociais. Cresce a desigualdade com as políticas identitárias. Cresce o ódio que se diz, falsamente, querer combater.
Enquanto a política se resume a troca de ofensas, ameaças e "defesa da democracia", tudo da boca pra fora, as pessoas, ressentidas, buscam lados e como se posicionar.
Lá fora, nas favelas, a realidade é bem diferente. Há ali um mundo quase invisível, só percebível com as tragédias que ocupam os noticiários da TV. Ali ninguém sabe diferenciar direita de esquerda. E não interessa.
São brasileiros esquecidos, que apenas querem comer, viver com dignidade. Querem emprego, postos médicos, hospitais, água que apareça nas torneiras - coisas básicas que faltam.
Tudo isso, somado, é ingrediente para o desespero. Para a matança nos becos e ruelas de grandes e médias cidades. Ali está o verdadeiro país, numa permanente e fratricida guerra.
E não há esperança...
ASSUNTOS: Alexandre de Moraes, Bolsonaro, Brasil, democracia, Estado de Direito, golpe, Lula
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.