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A primeira mentira e a última verdade


Por Raimundo de Holanda

21/02/2023 18h59 — em
Bastidores da Política



A mentira não foi inventada. É  uma verdade prevalecente que o homem criou. Está na nossa origem. Na origem do homem. Apenas para ilustrar o texto de hoje, vou contar uma historinha que toda criança com muitos irmãos viveu. Lembro que aos oito anos de idade  meu irmão mais velho passava e me dava um “cascudo”, com o nó dos dedos dobrados. Doía demais. Eu reclamava e minha mãe o repreendia. Em sua defesa ele apenas dizia: “Mãe, ele é um chorão. Eu mal trisquei nele”.  Era como dizer: “foi um carinho. Passei de leve a mão na cabeça dele”.  E me olhava com desdém, me acusando de “chorão”.

Na escola,  colávamos. A professora suspeitava, mas perguntava: “Você tá colando?” - Não 'fessora', quem disse?

Mas estava sim. O pior eram as acusações em uma família grande, num mesmo cômodo. Quando alguém  peidava todos se acusavam e ninguém  admitia que havia soltado o pum.

Essas histórias não caberiam aqui, mas eram tempos nos quais a mentira tinha um preço: a vergonha. E era simplesmente fútil, não fazia mal como agora, em que a verdade ficou em segundo plano e tende a desaparecer. Talvez porque a mentira tenha origem mais antiga do que a verdade e é bíblica - na narrativa de que uma  costela supostamente retirada de Adão tenha dado origem a Eva.

As mulheres nunca engoliram essa história…

Os tempos mudaram e a mentira tomou o espaço da verdade de forma assustadora. O avanço tecnológico, especialmente o aparecimento do celular permitiu que as pessoas conspirassem mais, mentissem  mais e fizessem da mentira um negócio.

A mentira passou a representar poder. E agora ganha um novo canal de disseminação  e criação - a inteligência artificial, que está chegando aos celulares.

Pode ser útil para mil coisas boas. Mas como toda boa criação tem seu lado ruim e muitos se valem dele.

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ASSUNTOS: Adão, Eva, Fake News, Mentira, Pós-verdade

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.