Profissão Policial, a mais perigosa e pouco compreendida
- Se a polícia cumpre seu papel, é abusiva. Se não cumpre, é omissa. Se o policial decide que a proteção do meio ambiente significa proteger pessoas e o Planeta, é exonerado.
O policial que empurra a mulher que protestava contra a presença do presidente Bolsonaro em Manaus, o policial que leva um tiro inesperadamente numa rua da cidade, o policial que é afastado do cargo pelo “crime de defender o meio-ambiente e a vida selvagem”…A profissão é difícil e pouco compreendida. Vestir uma farda ou usar um distintivo para mediar conflitos e defender a sociedade é um ato de entrega. Os policiais têm que ser vistos com outros olhos, e não execrados como se não tivessem responsabilidade, sentimentos, medos, emoções, raiva.
Dados alguns descontos, é compreensivo o comportamento do PM que empurrou a mulher atrevida que ameaçava romper a barreira formada para que os grupos prós e contra o presidente não criassem um ambiente de guerra.
Não estava ali para defender um dos lados, mas para manter a ordem - tão desejada e tão facilmente rompida por aqueles que, na teoria, advogam a tese da liberdade com responsabilidade, mas que promovem o caos a pretexto de defender a democracia e o bem comum.
O problema de ser polícia no Brasil é que o uniforme não garante a proteção pessoal de quem foi colocado nas ruas para defender a sociedade, nem o distintivo revela o que deveria revelar - que aqueles indivíduos representam um Estado que assegura direitos, que protege a vida, inclusive a selvagem, e que sabe mediar conflitos.
Se a polícia cumpre seu papel, é abusiva. Se não cumpre, é omissa. Se o policial decide que a proteção do meio ambiente significa proteger pessoas e o Planeta, é exonerado.
Se não procurarmos compreender o papel dos policiais - seja a que corporação pertençam - e sua importância na sociedade - eles vão migrar para outras profissões, menos perigosas, ou, o que é pior e já vem ocorrendo com alguma frequência, para o outro lado, perverso e desagregador - que é o crime organizado. Menos por culpa de um Estado criminoso que todos conhecemos, porém, mais, muito mais, pela forma como os vemos, como se bandidos fossem…Ainda não são, mas não sê-lo depende de cada um de nós.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.