Proposta de Arthur para a Amazônia é boa, mas tem seus riscos
A proposta de criação do Dia Internacional da Amazônia, feita pelo prefeito de Manaus, Arthur Neto, é interessante, mas deve vir acompanhada de conquistas e de compromissos dos diversos atores internacionais envolvidos na tarefa de preservar a região. Acordo que estabeleça investimentos, cuidados, envolvimento, interação, respeito à soberania do Brasil com esse patrimônio que é brasileiro. Compartilhá-lo exige, sim, contrapartidas. Não cabe simplesmente uma proposta à ONU e uma decisão do Conselho da Organização estabelecendo que o dia 5 de setembro será o Dia Internacional da Amazônia
Arthur é um homem de rara inteligência e lançou uma semente, mas sabe o que significa “internacional” no contexto de uma data a ser festejada em todo o mundo. Sem claras contrapartidas para preservar a região e promover seu desenvolvimento sustentado, a data em si mesmo terá pouco significado para o Brasil, mas criada a esmo, de forma aleatória e sem compromissos de atores globais impõe riscos que devem ser avaliados cuidadosamente.
Cabe lembrar as diversas datas criadas em cima de compromissos tácitos das nações com o meio ambiente. Por exemplo, a ONU estabeleceu o dia 16 de setembro como o Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozônio depois da célebre assinatura em 1987 do protocolo de Montreal, onde as nações assumiram o compromisso de reduzir drasticamente a emissão de dióxido de carbono.
O que falta neste momento é esses mesmo atores sentados em torno de uma mesa decidindo a melhor forma de ajudar o Brasil a preservar a Amazônia.
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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.