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‘Provavelmente era bandido, traficante’


Por Raimundo de Holanda

21/01/2023 20h36 — em
Bastidores da Política



A gente sempre acha que nossos filhos são as pessoas mais corretas e mais inteligentes do mundo. Quando eles não retornam para casa, o coração dispara diante do primeiro telefonema de um desconhecido. A notícia, quase sempre, é a pior possível. 'Ele está morto'. Foi o que aconteceu com Lúcio da Silva há dois anos. Ele quis saber como aconteceu e por que aconteceu. A resposta foi ainda mais cruel: o filho, de 19 anos, foi encontrado numa calçada, com sinais de tortura e uma bala na cabeça.

O filho de Lúcio engordou as estatísticas de assassinatos em 2021, quando foram registrados no Amazonas 1.571 homicÍdios, a maioria sem solução. Em 2022 esse número caiu 9%, mas continuou alto: 1.431.

Investigar esses crime é um pesadelo para uma polícia sem estrutura, sem pessoal e sem acesso aos métodos modernos de perícia. Os locais dos homicídios são invadidos por curiosos, que chegam antes da polícia  e acabam apagando ou contaminando vestígios que seriam vitais numa investigação.

Lúcio provavelmente continuará buscando respostas para o assassinato brutal do filho, mas  encontrará o obstáculo de sempre: o silêncio das autoridades e, por vezes, insinuações que têm o efeito de uma flecha no coração: “provavelmente era bandido, traficante”. 

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ASSUNTOS: homicídios, Manaus, polícia

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.