Quando ódio se transforma em violência e mata
- Tudo é causa de ódio e ódio provoca violência e morte. E isso a polícia - sempre cobrada - não resolve. O que resolve é a tolerância…
Josenildo Mendes de Matos tinha planos. Na noite anterior projetou uma festa de aniversário, seus 52 anos que ocorreria neste domingo. Os amigos anunciavam um churrasco; a família, um bolo. Tudo parecia ir bem. Até o horóscopo prometia: “Leão: O dia será bastante produtivo e cheio de boas notícias.Sua saúde passa por momento de equilíbrio”. O que ninguém previu foi que a morte o espreitava nas primeiras horas do dia. Assassinado dentro do carro quando se dirigia à padaria para comprar pão, Josenildo entrou para uma triste estatística: a de homicídios em Manaus: 593 até o mês de junho. Um número alto, que somado a mais 20 latrocínios, 14 lesão corporal seguida de morte e 15 feminicídios, chega a 628 mortes em apenas seis meses.
A violência é assustadora, mas de tão frequente virou rotina e quase ninguém liga, exceto as famílias atingidas, crianças que choram a ausência de pais que nunca mais voltarão para casa.
Mas o que tem provocado tantas mortes? Intrigas, ódio, inveja, traições. A suspeita de que o outro é inimigo. Julgamos os outros pela cara: “o vizinho tem um jeito estranho, não gosto dele.” “Vê como ele anda?” A mulher que atiça o ciúme do marido dizendo que fulano a “come com os olhos”. Tudo é causa de ódio e ódio provoca violência e morte. E isso a polícia - sempre cobrada - não resolve. O que resolve é a tolerância…
Veja também:
Homem é assassinado dentro de carro no dia do aniversário em Manaus
ASSUNTOS: homicídios, Manaus, mortes, ódio, violência
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.