Ao menos cinco novos pretendentes a espreitam. Ela sabe e esbanja sensualidade. É pobre, quente, maltrapilha, mas tem fama de gostosa. Esnoba com  o título de a quinta mais rica, embora no seu entorno haja pobreza, fome, abandono. Dia desses  um menino sem noção propôs casamento e ela rejeitou. 

Vem de muitas relações e seus filhos têm  pais diferentes e quase não a reconhecem. 

É melhor olhá-la à noite, do alto, onde ela esconde sua pobreza em meio as luzes que se espalham sobre seu corpo nu.

Durante o dia ela sangra incessantemente nos becos onde cadáveres são espedaçados e colocados em sacos plásticos, enquanto seu sangue escorre em meio aos esgotos. O nome dela é Manaus.

Um dia alguém sem noção alguma a comparou a Paris. Outro disse que ela era linda demais. Nem uma coisa nem outra. Manaus é pobre e infeliz, com seu espaço urbano comprometido, com sua árvores abatidas sem que o progresso apareça. 

Agora é eleição. Querem vesti-la de púrpura, colocar nela um falso brilhante. Não adianta. Manaus em si não existe. 

Uma cidade é o seu povo, é a sua gente. É preciso vencer os gigantes Golias que estão aparecendo com propostas indecentes para seduzi-la.

Eles chegam como uma onda. Lulu Santos foi muito feliz na sua composição ao falar que "tudo o que se vê não é igual ao que a gente viu há um segundo". Que "não adianta fugir, nem mentir pra si mesmo agora". Manaus precisa ser protegidas de impostores, contadores  de histórias..,, especialistas em seduzir, gigolôs que se apossam de tudo e depois desaparecem...