Reação ao garimpo ilegal é necessária, mas pontuada de equívocos
- Ao incendiar balsas/dragas - já passam de 310 apenas em torno do rio Solimões - o poder público cria um outro problema: a poluição do ar, já agravada pelas queimadas no verão amazônico.
- Mirar as quadrilhas e seus financiadores seria mais eficiente, sem agravar os problemas ambientais que a região vem sofrendo em razão da seca e das queimadas.
É importante o combate à exploração ilegal de ouro na Amazônia. Há um verdadeiro saque do mineral e um rastro de destruição ao meio ambiente, com impacto na vida aquática e silvestre. Era necessária uma reação à altura do Governo Federal, o que de fato está havendo. Mas ao incendiar as balsas/dragas - já passam de 310 apenas em torno do rio Solimões - o poder público cria um outro problema: a poluição do ar, já agravada pelas queimadas no verão amazônico.
Não se pode atacar um problema criando outro. As balsas/dragas contêm diesel e produtos químicos, como o mercúrio. Ao queimá-las o nível de contaminação do ar e até riscos de incêndio na floresta crescem.
O ar fica irrespirável, com monóxido de carbono, enxofre e outras partículas geradas pela combustão .
Ademais, cabe perguntar se não seria mais eficiente a apreensão das balsas, que contêm outros equipamentos com uso diversificado, que poderiam até mesmo ser usados por indígenas e caboclos que vivem na região e que parecem dispostos a proteger a floresta.
É um equívoco imaginar que queimando dragas o problema da exploração ilegal de minérios vai acabar. Mirar as quadrilhas e seus financiadores seria mais eficiente, sem agravar os problemas ambientais que a região vem sofrendo em razão da seca e das queimadas.
Nada seria mais auspicioso do que repensar essa estratégia, que tem se revelado equivocada e um agravante aos problemas ambientais já recorrentes na região.
ASSUNTOS: dragas, garimpeiros, PF
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.