Reconciliação impossível
- A democracia anda fragilizada e seu fortalecimento depende muito da devolução, pelo Supremo, de atribuições que sequestrou do Legislativo e de outras instâncias do Judiciário.
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O ex-presidente Bolsonaro propôs neste domingo uma "reconciliação nacional" no ato com seguidores na Avenida Paulista. Toda reconciliação é política, passa pelo poder político - Executivo e Congresso Nacional juntos. Mas vivemos num país com um governo enfraquecido e um Legislativo amedrontado. O poder está concentrado no Judiciário, pouco propenso a “apaziguamento”.
Ao propor a reconciliação, Bolsonaro mostrou uma mudança de comportamento - o que é natural.
A realidade mudou. Fora do poder passou a ser acusado de tentativa de golpe de estado e foi alvo de operações da Polícia Federal. Neste domingo, ficou longe daquele homem que vendia a imagem de super-macho: “ïmbroxável, incomível e imorrível”.
Mas se mudou o comportamento, é inegável que o comparecimento maciço ao ato convocado por ele mostrou que o Brasil segue perigosamente dividido e isso não é bom para nenhum dos lados. É revelador, principalmente, que a democracia anda fragilizada e que seu fortalecimento depende muito da devolução, pelo Supremo, de atribuições que sequestrou do Legislativo e de outras instâncias do Judiciário.
ASSUNTOS: Ato na avenida Paulista, Bolsonaro, reconciliação, STF

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.