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Retorno da censura e o som da liberdade


Por Raimundo de Holanda

18/12/2024 21h12 — em
Bastidores da Política


  • Esse som da liberdade, que se espalha a partir das redes sociais, rompeu um ciclo de poder dos meios de comunicação tradicionais e incomodou os poderosos. O ruido ameaçou as elites, que agora estão reagindo...

A humanidade levou 2 mil anos, se considerada apenas a era cristã - para sair de um silêncio que oprimia, que gerava pobreza, ignorância, desconforto, injustiça. Mesmo com a invenção da prensa móvel,  no século XV, demorou mais 100 anos para poucos se alfabetizarem, conseguir ler a bíblia e confrontar o poder de uma igreja desumana e cruel. 

A partir dai as comunicações evoluíram tanto, especialmente com os jornais impressos, que também concentravam o poder nas mãos de uma elite rancorosa. Depois o rádio, a tv, mas o povo continuava com a língua presa. 

A internet é recente. Permitiu o surgimento de aplicativos, com seus logaritmos para destravar a língua de todo mundo. De um momento para o outro o silêncio foi rompido e todos falaram. Esse som da liberdade rompeu um ciclo de poder dos meios de comunicação tradicionais e incomodou os poderosos.

O ruído ameaçou o poder político, que agora está reagindo. No Brasil o Supremo Tribunal Federal quer censurar as redes sociais. O pretexto é regulamentar, eufemismo para a censura. 

Na prática, os alvos não são as redes - que dão ressonância ao clamor do povo, mas a liberdade de expressão. 

Difícil controlar. Esse grito vai ecoar sempre, independentemente da "força da lei".

Outro pretexto é conter as mentiras - não é uma tarefa fácil. A mentira nasce nos bastidores do poder. Está na informação deturpada sobre economia, na forma com que o governo diz que combate a corrupção ou que os juízes se dizem imparciais; em  que o parlamento se vangloria de não legislar em causa própria. A mentira mais cruel está no centro do poder, o mesmo poder que quer calar o povo.

O Supremo, que se apropria de prerrogativa legislativa, quer ser o censor, prender a língua do povo fazendo com que o grito que escapou das gargantas 2 mil anos depois se transforme em simples gemido. 

Assim vivem os oprimidos, gemendo. E tudo em nome da democracia, do estado de direito, da defesa do regime democrático. Tudo falso. Tempos difíceis vivemos...

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ASSUNTOS: censura, redes sociais, Regulamentação, STF

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.