Ritual macabro no presídio
Há uma tênue fronteira entre o bem e o mal. E ela foi rompida ontem por um grupo de presos que tinha sede de matar. Eles cortaram a cabeça de colegas e em seguida arrancaram seus corações.
Um ritual macabro que assustou a cidade, pelo potencial de violência utilizado.
Esses criminosos são psicopatas, com distúrbios de personalidade, sem sentimentos, sem remorsos.
Deveriam estar em manicômios. Estão em presídios e continuarão a matar.
O horror que o episódio causou, entretanto, revela uma sociedade falsa, pequena, incapaz de se olhar no espelho, de confessar seus desejos e seus pecados.
Todos candidatos a romper essa fronteira que separa o bem do mal. Todos incapazes de fazer uma análise isenta do problema;
Todos sem a disposição de tirar desse acontecimento o fluido que falta para reforçar o freio que impede que pessoas de bem avancem o sinal que leva à barbárie e à escuridão.
Há muitos doentes entre nós e quando os descobrimos já é tarde, mas nos presídios não é difícil encontrar e isolá-los.
Quem podia ajudar a fazer isso está preocupado com os direitos humanos.
Os quatro crimes ocorridos ontem apontam para a necessidade de se estudar melhor a condição psicológica de cada detento.
A sugestão é que um membro dos movimentos de Direito Humanos passe uma noite com esses presos. Só assim começará a compreender que o direito humano vai além das frases de efeito que planta na mídia, e que o discurso social da pobreza ou da desigualdade não pode ser aplicado a este caso.(RH)
TJAM ACELERA AUDIÊNCIAS
As Varas Criminais do Tribunal de Justiça do Amazonas farão mutirão carcerário para análise da situação dos presos provisórios nas Cadeias Públicas do Amazonas. A medida foi anunciada ontem pelo desembargador Flávio Pascarelli. Dos cerca de 12 mil presos, 70% são provisórios, quer dizer, não foram a julgamento.A medida é importante porque vai acelerar os julgamene desafogar o siustema prisional, caso parte desse contingente ganhe liberdade.
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Nas audiências de custódia o acusado é apresentado ao juiz, são ouvidas as manifestações do Ministério Público, da Defensoria Pública ou do advogado do preso, e o magistrado avalia, sob o aspecto da legalidade, a necessidade da continuidade da prisão ou a concessão de liberdade.
ASSUNTOS: fdn, Manaus, massacre
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.