Roberto Jefferson e a loucura que se espalhou pelo País como um vírus
Como chegamos a essa situação ? Foi a pergunta feita por milhões de brasileiros atentos ao vídeo no qual o ex-deputado Roberto Jefferson atirava em policiais federais que foram à sua casa cumprir mandado de prisão, busca e apreensão determinado pelo ministro Alexandre de Moraes. O próprio Jefferson filmou e narrou o atentado praticado contra os agentes da PF. Sim, mas como chegamos a esse ponto?
Apontar o dedo apenas para a extrema direita que saiu do armário e se espalhou pelo País é um erro. Afinal, o bolsonarismo, que cooptou Roberto Jefferson e com o qual ele se identificou plenamente, cresceu empurrado por um movimento de combate à corrupção com amplo apoio da sociedade brasileira.
A desmontagem da Lava Jato ressuscitou Lula e um sentimento de frustração nacional com o Judiciário.
Negar que o sistema de justiça falhou num momento em que o País começava a fazer história é não conhecer a própria história, os desmandos de governantes que sugavam a Nação.
Havia uma arapuca montada para pegar os ladrões e, em certa medida, funcionou. Mas falhas na coleta de provas, que podiam ser corrigidas, fizeram o sistema de justiça sequestrar nossos sonhos de um País melhor.
Respondendo à pergunta inicial: há muitos culpados pelo que aconteceu hoje e que pode se repetir amanhã, com todas as consequências danosas para a democracia. Parte pode ser atribuída a um Judiciário que falhou em diversos momentos e, quando reagiu, confundiu suas atribuições com o papel de “polícia”; parte responsabilidade de um governo que pisou na Constituição sem ser molestado ou sequer advertido; parte culpa de um Legislativo submisso; parte pela omissão de um Ministério Publico servil. Parte, a mais importante, produto de uma loucura coletiva, que se espalha como um vírus e para o qual não há uma vacina disponível.
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ASSUNTOS: Caso Prisão Roberto Jefferson
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.