Saúde precarizada levou governador a afastar cooperativas
- Ao afastar as cooperativas do Complexo Hospitalar Sul, o governador Wilson Lima está correto ao atacar o problema da escassez de insumos e atendimento precarizado em uma área vital. Mas ao apontar para uma economia de R$ 10 milhões mensais, com a mudança de gestão para uma OSS, escancara que havia desperdícios, desvios, descumprimento de contratos e de metas.
- Não basta afastar essas empresas. Elas devem ser responsabilizadas e ressarcir ao Estado o que receberam sem a necessária contrapartida.
O diagnóstico de que o sistema de saúde no Complexo Sul- Leia-se Hospital 28 de Agosto e Maternidade Dona Lindu - ia mal e era necessário alterar a dinâmica do setor, foi correto, mas a substituição das cooperativas pela OSS Agir ocorreu em tempo recorde, sem um processo de transição para adequação dos profissionais à nova gestão.
O govenador Wilson Lima justificou que era necessária a intervenção, ou o sistema entraria em colapso.
Uma inspeção do Conselho Regional de Medicina nas duas unidades. depois da mudança, identificou que havia médicos e tudo estava bem, mas alguns profissionais de alto nível, que serviam às cooperativas não aceitaram participar da nova gestão.
O governador está correto ao atacar o problema da escassez de insumos, da falta de informação, de uma interação entre pacientes e familiares - falhas das cooperativas - que também não entregavam o que prometiam, e aponta para uma economia de R$ 10 milhões mensais, o que escancara desperdícios, desvios, descumprimento de contratos e de metas.
Óbvio que a iniciativa era necessária e urgente, mas o grande teste, especialmente no 28 de Agosto, será este final de ano, quando a demanda por cirurgias de emergência cresce e exige especialistas em traumatologia em tempo integral.
Feita a mudança após constatadas as irregularidades, são necessárias ações judiciais contra as empresas que travavam a saúde nas duas unidades e atentavam, de certa forma, contra a vida de pacientes, precarizando o atendimento.
ASSUNTOS: 28 de agosto, DONA LINDU, OSS AGIR, WILON LIMA
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.