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Sexo, desejos, segredos e mentiras


Por Raimundo de Holanda

21/05/2022 19h45 — em
Bastidores da Política



O mundo das pessoas (seus desejos e seus segredos) não mudou? Pelo contrário: as fantasias - que eram apenas sonhos pueris 50 anos atrás  saíram da casca e foram expostas pelas novas tecnologias. Nunca se viu tanta nudez, nunca se amou e se pecou tanto, nunca foram assumidas como agora  preferências sexuais. E a morte ( dos outros) ainda é o tema que mais atrai. Vive-se do escândalo que os outros provocam e dos segredos que a gente esconde.

E nunca se imaginou que em tão pouco tempo uma pessoa anônima - qualquer pessoa - ganhasse tanta visibilidade e passasse a influenciar uma cidade, um estado, um país. Nessa era do “EU”, que o mundo das redes sociais proporcionou, predomina a mentira, a tragédia, o sexo, o escândalo, a riqueza, o poder, o luxo, as traições.

A mulher filmada na frente do motel no escandaloso flagrante do marido infiel é apenas um exemplo. Mas nesse mundo conectado todos entram na casa de todos e todos estão sujeitos a um agressivo julgamento. O que  é mais cruel é o predomínio da mentira sobre a verdade, o que nos torna vulneráveis, talvez as próximas vítimas de  campanha de difamação que está cada vez mais difícil de desconstruir.

É um mundo tão diferente e tão atrasado que o que vale são sentimentos pequenos: ódio, intriga, inveja, preconceitos. Era assim anos atrás? Não era assim. Tínhamos limites.  E esses limites agora foram rompidos, libertando todos os males que há dentro das pessoas.

Pior, o mundo ficou menos sábio. Lê-se menos, instrui-se menos. Ninguém procura mais a verdade. Em tempos de conectividade e do avanço do ativismo judicial e politico, a verdade perdeu  importância, como fato objetivo. O que vale é a pós-verdade, aquela meia verdade contaminada pelas emoções, pelas crenças e pelos preconceitos.

 

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.