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Sexo na Fieam e a nota sobre 'caso isolado'


Por Raimundo de Holanda

16/06/2023 20h29 — em
Bastidores da Política



 

Em boa hora a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas divulgou nota admitindo “possível quebra de conduta no comportamento de colaboradores no ambiente de trabalho”, em alusão a vídeos com cenas de sexo dentro da entidade. Erra apenas ao utilizar a palavra “possível”, quando o comportamento dos servidores são claros, sexualmente explícitos. Portanto, evidente a quebra de uma conduta  prevista em seu código de ética. 

O que espanta na nota é a preocupação da Fieam com a divulgação das imagens, “de caráter privado” e com “a exposição das partes envolvidas”. Ora,  as imagens são mesmo impublicáveis, dado seu teor sexual, mas a Fieam, embora uma entidade de direito privado, não é propriedade de seus dirigentes. Não é pública, porém representa interesses de grupos específicos. Portanto, parte de um bem social relevante: a indústria. 

Não há injúria em abordar o fato, menos ainda difamação. Há provas da ilicitude, não narrativas vazias. Há, por outro lado, a  necessidade de depurar uma administração viciada que confunde uma sala de  reuniões ou um simples corredor da Fieam com a “casa das primas”.

A nota  faz menção a Lei Geral de Proteção de Dados e procura  apurar quem divulgou dentro da Federação das Indústrias as imagens e a extensão de seu vazamento. Mas é benevolente com os principais envolvidos no episódio lamentável ao dizer que “se trata de um caso isolado”. 

Ademais, a Lei de Proteção de Dados Pessoais não coloca para debaixo do tapete ações erráticas de ninguém. Ao contrário: protege direitos fundamentais de liberdade e privacidade, mas essa privacidade termina quando o cidadão viola direitos e conspurca o ambiente de uma instituição que, como a nota da Fieam diz, “tem mais de 60 anos” e merece ser respeitada, especialmente e fundamentalmente, pelos seus dirigentes.

Quando a LGPD, a que se refere a nota da Fieam, fala em proteção de dados pessoais, no seu artigo 2o, se reporta a intimidade, a honra,  a imagem e a vida privada. A Fieam não é palco para a vida privada de nenhum de seus dirigentes.

O correto seria o principal envolvido pedir afastamento. Se a Fieam merece o respeito da sociedade, da classe empresarial, do Estado Amazonas, deveria merecer também e fundamentalmente o respeito de seus dirigentes. 

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ASSUNTOS: Amazonas, Fieam, Manaus, sexo

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.