A matemática do governador não 'bate' e lembra minha professora...
O governador Wilson Lima sente uma enorme dificuldade em explicar os números de seu governo. E isso me faz lembrar o tempo de escola, onde a matemática me apavorava. A professora era má, puxava minha orelha e usava palmatória, mas eu não aprendia. Multiplicar era difícil; dividir, pior ainda. Mas sabia somar, contando nos dedos… Wilson Lima deve ter trauma semelhante e, como governador não conta com gente qualificada para explicar o buraco provocado pelo inchaço da folha de pagamento em mais R$ 469 milhões nos nove meses de governo, quando mesmo com os aumentos concedidos ela estava projetada para ficar em R$ 543 milhões/ mês, ou R$ 4 bilhões e 887 milhões até setembro, considerando R$ 10 milhões de reajustes salariais no período. Mas a soma dos gastos com pessoal mês passado foi de R$ 5 bilhões, 356 milhões.
Esses números explicam a dificuldade do governador falar sem olhar o papel que os técnicos passaram para ele (veja vídeo), mas não explicam a matemática aplicada. Está evidente que houve um descontrole geral da folha e isso não se deve aos aumentos salariais concedidos em acordos com os sindicatos, mas a outros fatores que provavelmente Wilson Lima não sabe, mas precisa tomar ciência.
O governo vai usar R$ 300 milhões do FMPES/Afeam, 200 milhões do Fundeb e 150 milhões da Fonte 100, para pagar a 1ª e a 2ª parcelas do 13º salário dos servidores, e ‘pedalar’ as folhas de novembro e dezembro para adiante.
A metodologia aplicada para pagamento de parcela do 13o Salário e parte do salário de dezembro em janeiro impõe riscos sérios ao governo.
Não há como o TCE e a Secretaria do Tesouro Nacional ‘engolirem’ esse tipo de maquiagem contábil criada para driblar a LRF. Foi o que Dilma fez com a Caixa e deu no que deu.
A liberdade de tomar decisões nessa área, concedida pela Assembleia Legislativa, tem seus limites, que não devem ser ultrapassados sob pena de incorrer em pedaladas que colocarão fatalmente em risco o mandato do governador.
ASSUNTOS: 13º salário, Amazonas, Carlos Almeida, Manaus, NATAL, servidores, wilson lima
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.