Sobre a ameaça de greve no PS 28 de Agosto
É compreensível a angústia de servidores que trabalham na linha de frente do combate a Covid-19 nos hospitais de Manaus. Risco de contaminação, preocupação com a família, condições precárias de trabalho. Mas a ameaça de paralisação destrói a confiança que a sociedade deposita neles e enfraquece a retarguarda que representam na batalha contra a pandemia.
Independentemente de gestores arrogantes e desalinhados com essa tarefa, e do aparato defensivo que não é disponibilizado aos profissionais de saúde - médicos, enfermeiros, auxiliares e pessoal de apoio - faxineiros, zeladores - são neste momento a última trincheira contra um inimigo que ameaça todo um Estado.
Não é uma luta por salários ou condições de trabalho - que deve, sim, ser melhorada. É uma luta pela vida, que já mobiliza voluntários, mas sem essa capacidade que os servidores têm de armar estratégias de combate, de defender quem está sob ataque.
É pena que os governos não façam a parte deles, que é manter esse exército da salvação motivado. Mas essa não é uma luta apenas de governos. É uma luta de todos nós. Não é hora de recuar, de fugir da batalha, de virar as costas para a sociedade.
Essa guerra vai acabar em algum momento, com perdas infinitamente maiores que as registradas até aqui, mas ao final venceremos. E a sociedade saberá reconhecer seus heróis, sem deixar de apontar o dedo para os violões.
ASSUNTOS: bolsonaro greve na saúde, COVID-19, Moro, mortes em Manaus, Coronavírus
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.