Sobre a chacina de sábado em Manaus: 'Ainda tem alguém vivo aí dentro dessa casa?'
Oitenta mortos em chacinas este ano no Amazonas é um número considerável. Trata-se de uma violência coletiva, envolvendo famílias inteiras. Se é um dado estatístico relevante, também é um indicador da fragmentação do controle do estado sobre as organizações criminosas.
O assassinato de cinco pessoas de uma mesma família no bairro Nova Cidade na noite de sábado, com a casa invadida pelos pistoleiros, pode ter sido, como diz a policia, um acerto de contas entre supostos traficantes, mas o caso em si revelou uma cidade desprotegida, a mercê do crime.
Não basta atribuir a Família do Norte ou ao Comando Vermelho essa matança sem freios. Os órgãos de repressão precisam agir com inteligência, investigando, apurando, prendendo os criminosos. Barreiras nas estradas, controle de pedestres, rondas ostensivas especialmente contra gente pobre e trabalhadora, não resolvem.
Resolve uma policia técnica bem aparelhada, investigadores bem treinados, peritos se deslocando para o local do crime certos de que toda a cena foi isolada para de lá extraírem as digitais dos criminosos. Não tem nada disso.
E a sociedade cansou de circo.Quer segurança ou o medo inoculado como veneno na mente do povo pode explodir a qualquer hora, antes que um pistoleiro passe na rua, como passou na casa da família 'Jesus', em Nova Cidade, um dia depois do massacre, perguntando acintosamente:
ASSUNTOS: 80 mortos em chacinas em Manaus, cv, fdn, pistoleiros matam cinco da mesma família
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.