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Sobre a estante falsa de livros que desabou durante sessão do Tjam


Por Raimundo de Holanda

03/02/2022 18h29 — em
Bastidores da Política



Aquelas caras sérias, aqueles seres  superiores, aqueles monstros do saber jurídico de repente se revelam como nós: indiferentes, atrapalhados, confusos, distantes…

Não foi a estante com obras de diversos autores que desabou atrás do desembargador Yedo Simões na sessão desta quinta-feira do Tribunal de Justiça do Amazonas.  Foi um painel com desenhos de livros que nunca serão lidos.

Assim como os jornais impressos, os livros, como conhecemos, estão desaparecendo, cedendo lugar aos e-books. Quando acidentalmente uma 'minibiblioteca' desaba, acaba revelando duas coisas: os livros continuam na memória das pessoas, como o desenho de uma flor que o sol seca no final de uma tarde quente. Ou como um  cartão postal serve a um eruditismo desejado, mas nunca praticado.

A estante com livros do desembargador só se revelou "um painel que protegia a intimidade da família" durante as sessões do tribunal porque desabou.

Uma pegadinha do destino - aliás, comuns nas sessões online do Tjam. E divertidíssimas.

Aquelas caras sérias, aqueles seres  superiores, aqueles monstros do saber jurídico de repente se revelam como nós: indiferentes, atrapalhados, confusos, distantes…

Quando as câmeras são desligadas, vêm os risos.É impagável assistir de perto…

Voltando aos livros, eles ainda exercem um fascínio sobre as pessoas, especialmente as mais vividas.  Resquício de um tempo em que se lia, se pesquisava, Não havia Google, sites jurídicos, sessões online do Supremo ou do STJ. Os erros e acertos eram conferidos no Vade Mecum, uma coleção de livros com leis de toda ordem. Ou no dicionário do Aurélio.

Lembro que quando ainda cursava o Último ano do ensino secundário, ia para a escola com vários  livros debaixo do braço. Era  a um só  tempo desejo de saber mais, mas também uma forma de exibição. Nascia ali um pseudo intelectual.

O tempo passou. Os livros ainda me atraem, mas não lembro de nos últimos dois anos ter lido um que não fosse em formato digital.  E olha que ainda leio muito…

 

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.