Sobre a greve dos professores e o 'lado' da Justiça
“A justiça não está do nosso lado”, disse a presidente do Sinteam - Sindicato dos Professores do Amazonas - Ana Cristina Rodrigues, ao confirmar a presença do sindicato na audiência de conciliação marcada para a próxima segunda-feira no Tribunal de Justiça do Amazonas. Juiz não tem lado. Ou não deveria ter. Mas o fato de Ana Cristina insinuar que a justiça tem sido parcial na mediação da disputa com o governo por melhorias salariais é gravíssimo. Sintoma do estado de intolerância que dissemina suspeita e ódio, desqualifica instituições e faz mal ao Estado e ao País.
Pior, o Sinteam submeteu aos associados em greve nesta sexta-feira uma proposta atribuída ao governo, que não foi feita: reajuste de 15,19%.
Ou a ideia é constranger os negociadores do Estado e o próprio Judiciário durante a audiência de conciliação ou seu objetivo é mesmo prolongar o estado de greve que tem gerado insatisfações: dos pais, irritados com os filhos em casa e sem merenda; dos alunos, que serão forçados a cumprir um calendário estendido do ano letivo, e de professores, que começam a furar a greve diante da ameaça do governo de utilizar o quadro reserva para manter as escolas funcionando.
O fato é que o Sinteam não parece disposto a conciliar. Seu objetivo é polemizar.
O que os ‘donos’ do sindicato não percebem é que os próprios professores cansaram e estão abandonando o movimento. Que a sociedade também cansou. Se tem sido tolerante até agora é porque entende que professores devem ganhar o mínimo suficiente para viver com dignidade.
Mas há limites para tudo e o sindicato ultrapassou todos os limites, especialmente ao “vender” para os associados e pretender levar à audiência de conciliação uma proposta de reajuste salarial que o governo do Estado não fez.
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ASSUNTOS: Amazonas, greve dos professores, Manaus, Seduc, Sinteam
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.