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Sobre o inquérito que apurou massacre de 17 'bandidos' em Manaus


Por Raimundo de Holanda

04/01/2020 19h16 — em
Bastidores da Política



Arquivem-se as acusações.  Os tempos são outros. De silêncio e de cumplicidade.

O massacre ocorrido em 28 de outubro no bairro do Crespo, em Manaus, foi resultado de uma ação defensiva da PM contra  um grupo de bandidos. É, em síntese, a conclusão do inquérito aberto para apurar o caso. Nada relacionado a uma suposta homenagem dos policiais  a palavra de ordem de Bolsonaro, de que “bandido bom é bandido morto”, apesar do número de 17 do partido pelo qual  seu Jair  elegeu-se presidente.  E seria temerosa essa tese. Bolsonaro acaba de mudar de partido - o Aliança Pelo Brasil, que ainda está na forma - terá o  número 38. Viria um novo e tenebroso massacre por ai ? Bobagem! A PM  não mata. Mas o massacre, defensivo ou não,  foi um escândalo. O inquérito aberto tinha resultado previsível. E sua conclusão é uma peça de retórica, não um  conjunto de atos e diligências que exponham uma verdade incontestável .

É  verdade que o Código de Processo Penal  veda “opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito”, mas  também assinala que “deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal” (art  107 do CPP). Havia motivos para qualquer delegado manifestar suspeição por variadas razões, mas duas são fundamentais:1 - os acusados são  policiais; 2 - o comando da polícia está a cargo de um coronel que defendeu desde o início a operação.

Mais do que nunca era necessário  constituir uma comissão independente  para apurar as circunstâncias das mortes.  Em outras tempos, menos sombrios, OAB   e Igreja teriam se manifestado. Silenciaram.

A Unidade de  Apuração de Atos Infracionais da Polícia Civil do Amazonas (Uaip) e  o Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), que comandaram as investigações   não tinham ou não têm, para o caso, a necessária independência e  imparcialidade para conduzir um inquérito sem que seus resultados deixem de implicar  em fortes suspeições.

Arquivem-se as acusações.  Os tempos são outros. De silêncio e de cumplicidade.

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ASSUNTOS: 'BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO', Bolsonaro, cv, fdn, Manaus, policia militar

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.