Sobre o melhor amigo de Amazonino Mendes
O ex-governador Amazonino Mendes mantinha do seu lado pessoas anônimas que o ajudaram em sua longa caminhada. Não eram amigos de ocasião, desses que surgem como moscas dispostos a compartilhar as benesses que o poder oferece. Eram amigos do coração, que sentavam em torno da mesma mesa e comiam do mesmo pão.
Não eram serviçais. Eram homens e mulheres que o ajudavam em tarefas especiais, como ouvir e falar. Amazonino levava de casa para o trabalho ideias e reavaliava ações a partir de críticas que ouvia desse seleto grupo, que também se ocupava de atividades domésticas, como fazer uma caldeirada, juntar as folhas que caiam em torno da casa, pescar e jogar dominó até a noite ceder espaço aos primeiros raios do sol.
Roberto Carlos, chamado de "caboco", era o mais próximo do ex-governador..
Logo após as eleições de 2022 estive com Amazonino. A casa, à margem do Lago Tarumã, antes cheia de “amigos”, estava vazia. Ele sentado em torno de uma mesa redonda e Roberto servindo café. Perguntei - tinha intimidade para isso - “Ué, cadê aquele pessoal todo?”
Amazonino sorriu e disse que as moscas tinham ido embora, porque a expectativa de mel se tonara uma mera expectativa. Restou esse caboco aqui, que nunca me deixou”.
Nesta segunda-feira liguei para Roberto e sua voz embargada soou forte: “meu segundo pai foi embora”. Talvez o segundo pai, mas seguramente o melhor amigo de Roberto Carlos…
ASSUNTOS: Amazonino Mendes, Roberto Carlos
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.