Sobre o 'sequestro de crianças' no carro preto
- O fascínio pela tragédia, pelo crime e pelo fracasso (dos outros) é grande, porque a vida do outro, a intimidade do outro, o pecado do outro de certa forma são também a base desse mundo paralelo criado pelo avanço da internet.
Era falsa a “informação” de que um carro preto sequestrava crianças em Manaus. Como eram falsas outras “noticias” que “viralizaram”, especialmente no WhatsApp sobre novas mortes nos presídios. Mas por que esse tipo de “informação falsa” prospera, passa de celular a celular e chega a milhões de pessoas sem que ninguém questione sua origem ou se contém a verdade que deve ser a base do jornalismo? Porque o jornalismo tal qual conhecemos está morrendo, cada dia restrito a um grupo pequeno de veículos de comunicação - e isso é ruim porque todos os limites foram quebrados; porque mandaram a ética às favas; porque o fascínio pela tragédia, pelo crime e pelo fracasso (dos outros) é grande; porque a vida do outro, a intimidade do outro, o pecado do outro de certa forma são também a base desse mundo paralelo criado pelo avanço da internet.
A fofoca da vizinha, a intriga dos colegas de classe, a inveja do amigo, a mentirinha inocente da criança já não ficam restritas a uma sala, uma rua. Ganham o mundo em um clique. Verdade e mentira se misturam de forma assustadora.
Tem proteção para isso? Provavelmente não. Mas quem tem bom senso pode avaliar o que pode ser verdadeiro ou falso. Ou fatalmente um dia suspeitará da mãe, do pai, do irmão e do amigo, alvos de alguma intriga…
ASSUNTOS: Amazonas, fak nws, mel maia, morte do jornalismo, Somos todos iguais
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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.