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Erros, omissões e 'transparência' do governo Wilson Lima


Por Raimundo de Holanda

30/07/2020 22h51 — em
Bastidores da Política



Não há nada de clandestino no governo Wilson Lima. Há, sim,  tentativa recorrente de legitimar situações  ambíguas, nas quais convivem dois mundos: o da ousadia e o da dissimulação.  Não há farsa,  há  uma franqueza ingênua e perigosa.

No caso dos ventiladores pulmonares, por exemplo, o governador aparece revelando seus pecados: ”EU fiz, EU determinei”, e outros Eus que o colocaram no centro daquilo que os delegados federais que assinam a peça acusatória o  apontam como sendo o chefe de uma “Organização Criminosa”.

Há um  trecho na acusação  onde os delegados transcrevem  mensagem de Whatsapp de alto funcionário do governo para uma diretora de compras, requisitando a sua assinatura .  O que ele diz é de uma ingenuidade que não pode ser atribuída a uma ORCRIM, mas a um Grupo de Meninos Aloprados, sem noção dos ritos da administração pública:

“Maninha, o motivo de ser hoje, é porque o seguinte…eu tô com uma solicitação do TCE…é…e do Ministério Público de Contas, que tão em cima, e me deram o prazo até hoje para eu entregar a cópia desse processo todinho aí, entendeste? E assim…a consequência disso é que eles tão ameaçando  suspender a secretária, os secretários e pegar o governador, entendeste? Por isso que eu tô aguentando…”

O fato é que ‘pegaram o governador’, seja pela omissão, seja pelo desconhecimento do que acontecia e ainda acontece  no  governo, seja porque  foi usado ou manipulado, seja porque em todo o episódio onde aparece como “chefe da organização criminosa” ele assume o pecado dos outros como sendo seu ou, como ele mesmo repete em suas redes sociais: ”EU fiz”… Governo mais transparente que esse nunca houve...

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ASSUNTOS: CGU, governo do amazonas, MPF, Operação Sangria, ORCRIM, PF, PGR, wilson lima

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.