Sobre a prisão do ex-ministro terrivelmente evangélico
A tentativa do presidente Bolsonaro de se descolar do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, preso pela Polícia Federal, apenas revela o seu flagrante comprometimento...
As notícias ruins dominaram o cenário político e afetaram o coração do governo Bolsonaro na manhã desta quarta-feira, com a prisão do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro. Para quem disse que colocaria a cara no fogo por Ribeiro, há três meses, quando começaram a ser divulgadas denúncias de favorecimento a pastores pelo MEC, a tentativa do presidente de se descolar do ex-auxiliar apenas revela o seu flagrante comprometimento, não propriamente com os atos não republicanos atribuídos ao acusado, mas a uma relação bem mais profunda de tudo o que procurava nos pastores que o serviam e o bajulavam: “gente terrivelmente evangélica”.
Não há - e agora se sabe - nenhum auxiliar ou ex-auxiliar, ou indicado de Bolsonaro para qualquer dos poderes, com essa característica de Ribeiro: terrivelmente alheio aos rigores e metas da administração pública, terrivelmente inexperiente e terrivelmente até - desculpem os leitores - inocente. Porque para fazer o que fazia, a olhos vistos, liberando recursos em troca de favores pessoais, só pode ser terrivelmente ingênuo ou tomado por malícia atroz, com uma forte propensão em destruir o Estado e a educação.
Ao levar os evangélicos para o governo, Bolsonaro misturou politica com religião e estabeleceu uma relação com o grupo religioso, o que a Constituição proíbe.
A liberdade religiosa nada tem a ver com a politica e os evangélicos erram terrivelmente aos misturar as coisas: a própria existência de uma bancada evangélica é uma excrescência.
Políticos não são eleitos para defender cultos religiosos ou interesses de igrejas, mas a democracia - que traz no seu bojo a liberdade de culto.
Se o episódio Milton Ribeiro desgasta o presidente Bolsonaro, provoca, por tabela, um terrível abalo nas igrejas pentecostais, que Ribeiro e outros pastores presos representam. Lamentável
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.