Sobre a punição imposta ao casal de alunos que transou em sala de aula no Amazonas
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É discutível o argumento de que a atividade sexual, inerente aos seres vivos, deve ser limitada pelos humanos com base na moral, na ética e num falso sentimento coletivo de que, fora desses princípios, tudo é imoral e reprovável. No mundo real não é bem assim que as coisas funcionam. Fora das aparências e dos formalismos, essas regras são cotidianamente quebradas por todo mundo. No trabalho, na escola, nas igrejas, nas delegacias, nos tribunais…
Claro que há regras que devem ser respeitadas - como não fazer sexo em sala de aula. Mas e se a sala estiver vazia? Se for impossível controlar a força da testosterona do menino com o estrógeno e a progesterona da menina, na combinação de hormônios que explodem a um só tempo e se misturam criando um mundo instantâneo e particular de prazer?
O que fazer nesses casos? Punir os alunos pelo fato de terem transgredido uma regra, como fez a direção da escola de tempo integral Maria Izabel Desterro, em Iranduba?
A punição, de manter os alunos fora das aulas presenciais, sem assegurar que receberiam a reposição de matérias por outros meios, é excessiva, considerando que o ano letivo está encerrando.
Se o fato deve se visto pela lado da moral e da necessidade de manter uma certa disciplina, há aí uma confusão de conceitos sobre o ser moral ou imoral.
A escola, ao adotar a punição, optou de forma agressiva por uma regra que também é imoral, na medida que não estabeleceu ou não pensou em outros meios, como o aconselhamento e o acompanhamento do casal por psicólogos.
Sexo é intimidade e parceria. Deve ser compartilhado em qualquer lugar “permitível’. Ou não. Quem já não teve fantasia de fazer amor no elevador do prédio, no banheiro do avião, na roda gigante, no carro, em cima de uma mesa cirúrgica ou de um escritório ? Mas essas fantasias ninguém revela. São aguardadas por uma espirito de moralidade fugaz, quase anedotário e inexistente. Se essa falsa moralidade esconde nosso lado selvagem, também revela o quanto somos hipócritas.
Entenda o caso: Alunos são flagrados fazendo sexo dentro de sala de aula no Amazonas

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.