A solidão do poder vem depois, quando as sanguessugas somem
O poder atrai sanguessugas e raposas. É um mundo de falsidade e interesses, de amigos de fachadas. Quem chegou ao topo sabe disso, da solidão que vem depois. As moscas somem quando o poder acaba - e todo poder acaba. Foi assim com Gilberto Mestrinho, que fez uma geração de políticos e terminou com um único amigo que compartilhou com ele momentos de solidão.
Foi assim com Amazonino Mendes, que fez Eduardo Braga governador, que fez prefeitos e senadores, que é parte de uma história ainda mal contada.
Mas por que falar na solidão dos que chegaram ao topo? Porque a história se repete com Arthur Virgílio - um homem lúcido, inteligente, parte da memória de um País.
Um homem que lutou contra a ditadura - que foi deputado federal, senador, prefeito de Manaus por três vezes.
Arthur vive com a lucidez de sempre, mas tem sido esquecido em meio a mesquinharias, falsidades, mentiras. Um homem inteligente, culto, que poderia estar contribuindo com o Estado e o País neste momento e divisões, de sectarismo, intolerância, seja na Câmara dos Deputados, seja no Senado.
Ontem conversei alguns minutos com Arthur. Lembramos dos velhos tempos, da luta contra a opressão, da supressão de direitos - não igual, mais semelhante aos dias de hoje. Aquele País dividido é um espelho do atual, mas sem os militares como principais atores.
Foi uma boa conversa, um bom papo.
ASSUNTOS: Arthur Virgilio, Ditadura, Sectarismo, solidão
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.