'Somos uma só Manaus' foi o slogan de uma campanha politica ano passado, mas também um presságio. Terminada a eleição,  sua  tradução mais fiel é o descontrole da administração pública somada aos males  que está gerando para a cidade: transporte público em crise, protesto de estudantes e violência. 

A Manaus que sonhamos não é isso que está aí. Nem é a 'cidade inteligente' vendida durante o processo eleitoral. O que se está vendo é um governo municipal ausente,  perdido em devaneios. 

Falta é governo, para ser mais direto. 

Não se governa criando frases de efeito. Governo é ação, é trabalho, é gestão articulada. E é  preciso que alguém diga isso a Arthur Virgílio Neto antes que ele naufrague e enterre sua biografia.

O maior exemplo de desgoverno foi dado esta noite de quinta-feira, quando as empresas de transporte coletivo tiveram liberdade para recolher a frota de ônibus  às garagens,  deixando milhares de estudantes sem condução. 

O que veio depois foi mais violência e revolta. Não se justifica a violência - parta de onde partir -  mas ficou muito claro  que a cidade está sem prefeito ou tem um prefeito eleito que não quer governar.

PROPOSTA DE HISSA AMEAÇA A ZFM

A proposta do deputado Hissa Abrahão de modificar o artigo 2° do Decreto Lei n° 288/1967, que regula a área da ZFM em 10 mil quilômetros quadrados, é uma temeridade. “O decreto é a parte intocável da Zona Franca”, diz um especialista.

Talvez por falta de ‘experiência’ política ou ingenuidade, o projeto de Hissa pode colocar em risco a maior conquista da ZFM, que foi a constitucionalização do decreto 288, através de Bernardo Cabral, na Constituinte de 1988.

Para quem conhece os ‘trâmites’ em Brasília, mexer no 288 é o mesmo que entregar a Zona Franca ‘de bandeja’ para as bancadas do Centro-Sul acabarem com a única garantia verdadeira do modelo, reconhecida até por jurisprudência do Supremo.

Se Hissa quer mídia nos 50 anos da Zona Franca, deve procurar outro caminho menos perigoso.

ROMBO DAS EMPRESAS

Para celebrar a volta ao ‘ninho’ do governo, depois de  passar quatro meses ‘de mal’ com o governador José Melo, o deputado Sidney Leite bateu forte ontem no prefeito Arthur Neto, em discurso na Assembleia Legislativa. Entre outras coisas denunciou um ‘rombo’ de mais de R$ 50 milhões em dívida de ISS das empresas de ônibus, que não foram pagos à prefeitura com leniência do prefeito.

A LISTA DO MP

A lista sêxtupla do MPE para a escolha do novo desembargador, escolhida ontem pelos procuradores estaduais, deverá ser encaminhada ainda hoje ao presidente do TJAM, Flávio Pascarelli, para que os desembargadores escolham, logo após o Carnaval, a lista tríplice que será enviada ao governador José Melo.

Três nomes lideram com folga a preferência dos procuradores: o procurador-chefe Fábio Monteiro, com 28 votos; o procurador Hamilton Saraiva dos Santos, com 26 e a procuradora Antonina Maria do Couto Valle, com 25. Mas nem sempre os favoritos são escolhidos.