'Sou da Polícia Federal'. 'E daí?' Diz senhora de 70 anos
A Associação dos Agentes da Polícia Federal entrou com uma ação de posse de uma área ocupada por dona Edneia Rabelo . Ela está no local há 50 anos. Foi a primeira a chegar com os pais, ainda menina, a construir um barraco e constituir uma família. Depois veio a associação, criada nos anos 90. De quem é a terra? O primeiro passo tomado pelo presidente da associação, Nelson Oliveira da Silva, foi correto: Recorreu ao Judiciário. Ao fazê-lo, “nomeou” um juiz para atuar em um conflito e decidir pela posse da terra. Mas o Judiciário não serve a uma parte da questão - serve à Justiça, que só é tomada depois da junção de provas, de ouvir o outro lado.
Neste fim de semana Nelson antecipou-se ao juiz, entrou no terreno, retirou câmeras, fez ameaças e anunciou que demoliria o imóvel na segunda-feira. Ao agir dessa forma desrespeitou o juiz a quem recorreu, tomou uma decisão que não lhe cabia, usurpou da função de policial federal para ameaçar prender os filhos de dona Edneia, que a defenderam.
Ao usar o nome da Polícia Federal, como comprova o video abaixo, mancha o nome de uma instituição respeitada pela sociedade pelo fato de agir dentro da lei e da ordem legal.
O presidente da Associação dos Agentes da Policial Federal precisa entender que, como policial, não é a Lei, não representa a Lei, é um cumpridor da Lei e como tal deve se comportar. Ultrapassar esse limite, como fez, é intimidar, coagir, abusar, desrespeitar a lei, e expor negativamente uma instituição de prestigio, como é a Policial Federal.
E precisa entender que o melhor caminho para resolver essa questão é deixar a Justiça avaliar as razões de cada um. Esse é o único meio de evitar conflitos. Esse é o caminho que a civilização aponta…a questão é saber se pessoas como Nelson querem ser civilizados…
Primeira casinha construída pela família. Não havia ainda a avenida Ephigenio Sales
Dona Edneia e o marido nos anos 80 no local
Dona Edneia, hoje aos 70 anos
ASSUNTOS: APOFAM, ENAPEF, ephigênio sales, Manaus, POLICIA FEDRAL, VIOL6ENIA POLICIAL
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.