Suframa abandonada por Lula
Sem superintendente há 24 dias, Suframa para, prejudica indústrias e gera apreensão entre empresários
O atraso na indicação do novo superintendente da Suframa está paralisando linhas de produção da indústria, com forte impacto na geração de empregos em Manaus - que já é o menor dos últimos meses. Ao menos 30 projetos em vias de execução estão parados pela falta de uma simples assinatura. Os próprios funcionários da autarquia não sabem a quem se dirigir. Os principais chefes - superintendente e superintendentes adjuntos - deixaram os cargos em 1o de janeiro.
As indústrias correm atrás de um carimbo para cumprir contratos com fornecedores e empresas agregadas, mas os gabinetes estão vazios. Um funcionário usou o termo”caos”para definir o estado de inanição da autarquia, que chegou a um nível perigoso com o fim do contrato com a empresa de TI, responsável pela otimização do fluxo de informações para as indústrias e o processo de gestão na própria Suframa, assegurando o controle de dados. Sem esse controle, há riscos de uma pane geral, de difícil reparação.
O que está levando a Suframa a se tornar o patinho feio do governo Lula? Ainda é um mistério, mas o segredo pode estar embutido na declaração do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Aclkmin, que ao tomar posse no dia 4 disse que o novo governo tem um plano único para a pasta: “Apex, Inmetro, ABTI, Suframa, inpi, o BNDES e o Sebrae levarão adiante o programa de industrialização, de expansão do comércio e fortalecimento dos serviços no Brasil”. Mas a Zona Franca tem uma legislação diferenciada, que aliás foi sempre contestada por Alckmin, enquanto governador de São Paulo.
Culpar o novo ministro pela não indicação do novo superintendente, 24 dias após a posse do novo governo, entretanto, pode ser um exagero. Há pouca gente interessada em assumir o cargo - por achar irrelevante - como foi o caso do deputado Marcelo Ramos, que teve o nome citado, mas descartou a indicação.
Outro nome que aparece como provável superintendente é o do deputado José Ricardo.
O problema, entretanto, não está em quem será o novo superintendente, mas em fazer imediatamente a indicação de um nome para o comando de uma autarquia essencial ao desenvolvimento da região e que está parada. Aqui reside uma certa indiferença do governo Lula com a Suframa e os amazonenses.
ASSUNTOS: Lula, SUFRAMA, ZONA FRANCA DE MANAUS
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.