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A tortura da ‘mulher do traficante’


Por Raimundo de Holanda

17/11/2023 21h27 — em
Bastidores da Política


  • A longa exposição de Luciane Barbosa pela “mídia profissional” é uma tentativa de condená-la duas vezes. A isso se chama tortura

Ao pedir o desligamento  de Luciane Barbosa de Farias do “Comitê Estadual e Prevenção e Combate a Tortura”, o MP-Am cita um requisito  para admissão  no comitê: “não ter sido condenado em segunda instância”.  O pedido veio depois de Luciane, mulher do traficante Tio Patinhas, furar o bloqueio da burocracia de Brasilia e arrancar compromissos do governo federal para acabar com a superlotação dos presídios de Manaus, onde sabidamente há tortura e promiscuidade. 

Luciane foi condenada em segunda instância e responde em liberdade. É integrante de uma Ong que defende o direito dos presos a um tratamento humano. 

Sua atuação desinibida colocou o governo Lula de joelhos e acordou os demais membros do comitê, que nunca fizeram nada, perdidos em reuniões inúteis. E atiçou a “imprensa profissional”, que adotou a política de cancelamento das redes sociais para desqualificá-la, chamando-a de “Rainha do Tráfico Amazonense".

O MP tem razão ao pedir seu afastamento, mas faria melhor se defendesse alteração no decreto de criação do comitê, admitindo como representante um escolhido pelos principais interessados no êxito da política de combate à tortura nos presídios : os próprios presos.

 O fato de Luciene ter um passivo com a sociedade tem relevância secundária diante de um fato concreto: ela responde pelos crimes que lhe são atribuídos, ainda que em liberdade. O que é desumano é condená-la duas vezes. Isso tem um nome: tortura.

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ASSUNTOS: CV, Luciene Barboa, m presídios, tortura

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.