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Tragédias que se repetem em Manaus


Por Raimundo de Holanda

16/12/2023 21h02 — em
Bastidores da Política


  • A cada chuva a cidade é inundada, famílias são remanejadas, desabamentos registrados, e os prejuízos incalculáveis. De quem é a culpa?

Manaus se “preocupou” nos últimos 40 anos com um “sistema de esgoto eficiente” e falhou. A privatização da Cosama  criou distorções, lucros exorbitantes da concessionária e uma conta extorsiva que chega mensalmente ao usuário. Para piorar, a construção de galerias para águas pluviais foi ignorada, enquanto a empresa se apossava de toda infraestrutura da Cosama, com direito também  de explorar lagos subterrâneos em torno da cidade. Quer dizer, a cereja do bolo foi entregue a uma empresa privada que consegue se sair melhor na  publicidade do que nas contrapartidas previstas no  contrato de concessão.A cada chuva a cidade é inundada, famílias são remanejadas, desabamentos registrados, e os prejuízos incalculáveis. De quem é a culpa?

Cabe incluir no contrato de concessão com a  Águas de Manaus a construção e manutenção  de galerias para escoamento de águas pluviais. O poder público não pode mais assumir esse ônus, ou mesmo dar, como tem feito, uma mãozinha em troca não se sabe do quê, à companhia, com recursos internacionais aplicados em saneamento básico, quando essa competência é da empresa concessionária. 

Tem algo de podre  nas obras de saneamento, na construção de usinas de reciclagem de esgoto pelo Estado e em seguida entregues à Águas de Manaus.  Em troca do quê? 

Os órgãos de controle, especialmente o MP e o Tribunal de Contas, têm fechado os olhos a esse jeitinho de compartilhar o público com  o privado. 

Chega de o Estado e o Município investirem em usinas de tratamento de esgoto e unidades de expansão  de coleta e distribuição de água, para em seguida entregar de mão beijada a uma companhia divorciado das reais necessidades do usuário.

Afinal, a  concessão do Estado e do Município para a Águas de Manaus não prevê parceria público-privada. E ainda que houvesse essa previsão contratual, teria necessariamente que resultar em tarifas menores, considerando que quando o Estado do Amazonas investe em saneamento está utilizando recursos da sociedade, dinheiro do Bird, cuja  conta será cobrada do contribuinte. 

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ASSUNTOS: chuva, desabamentos, Manaus

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.