A triste história da família da ex-sinhazinha Djidja Cardoso
A prisão de Cleusimar Cardoso, mãe de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do boi Garantido, expôs uma família dividida e em transe. O uso obsessivo da droga Ketamina, encontrada em quantidade em sua casa, empurrava para frente sua autoestima e a colocava degraus acima dos demais mortais. Os áudios abaixo, uma troca de "conselhos" a uma de suas irmãs, revelam esse estado de euforia e "poder".
Cleusimar era a conselheira, a curandeira. A droga que ela usava era injetada nos filhos. A morte de Djidja Cardoso, a sinhazinha, teria sido provocada por uma dosagem excessiva da substância. Ainda assim, Cleusimar, no seu delírio, achava que a filha poderia ressuscitar.
Há na decisão judicial que autorizou a prisão, busca e apreensão na casa de Cleusimar, indicativo de estupro e associação para o tráfico. O processo foi colocado em segredo de justiça - o que é um tanto contraditório, uma vez que o inquérito policial "vazou" e no ato das buscas e da prisão houve a participação maciça da imprensa, com repórteres assumindo o lugar de delegado, inquirindo a acusada de forma agressiva.
Essa prisão de Cleusimar, do filho Ademar Cardoso e de outros funcionários do salão de sua propriedade, suscita outra questão: que mecanismos, fora a polícia, tem o Estado brasileiro para tratar dos viciados numa droga que ganha a cada dia mais publicidade, como meio de "tratar" a "falta de ânimo" ou do "ânimo negativo", como revelou o empresário Elon Musk, em entrevista ao Wall Stret Journal?
A declaração de Musk, ao admitir que a substância é receitada por seu médico, empurrou a droga para cima. Afinal, trata-se de um homem de sucesso, com uma inteligência acima da média, dono de empresas do mundo tecnológico e espacial.
Mas Musk criou um problema sério ao revelar seus segredos "mais íntimos". Se ele se droga e tem médico para controlar a medida necessária para manter seu vício e equilibrar seu pensamento, acabou por expor o uso supostamente benéfico da droga, sem apontar seus riscos evidentes: delírio, dependência e morte.
ASSUNTOS: Amazonas, Djidja Cardoso, Manaus, sinhazinha do Boi Garantido
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.