Um 'tac' para a Umanizzare
Acusada de reaproveitar e vender para o Estado uniformes de presos e ter um passivo de mais de 200 mortos em sucessivas rebeliões durante o período em que administrou os presídios do Amazonas, a Umanizzare continuou faturando alto no governo Wilson Lima.
Fora os cerca de R$ 1 bilhão que recebeu em menos de quatro anos - dados do Portal Transparência do governo do Amazonas - a empresa conseguiu um acordo generoso com a Secretaria de Administração Penitenciária. Em três termos de ajuste de contas - TAC - a Umanizzare faturou mais 11 milhões este ano, pelo trabalho sem cobertura contratual para a secretaria somente em relação ao mês de dezembro do ano passado.
O serviço de ressocialização prisional, como é chamado “o trabalho” realizado pelas empresas de gestão de presídios, é considerado o mais rentável e um negócio no qual a política interfere diretamente. Como os interesses nesses contratos são múltiplos e difusos, a fiscalização é falha, às vezes falseada ou não existe.
QUE PAÍS É ESTE ?
Executivo e Legislativo do Brasil perderam a noção de suas funções e prerrogativas. O presidente da República governa pelas redes sociais e o Congresso legisla sob ameaça da militância ideológica. A estratégia diversionista que emana do Planalto norteia o país.
A Constituição e os regimentos internos dos poderes e de seus órgãos perderam a ‘validade’ diante da força hipnótica dos apoiadores e seguidores. Perfis e manifestações ditam normas.
Chegamos ao absurdo. O presidente envia um projeto ao Congresso; depois convoca uma manifestação contra o Legislativo; por fim exige a não-votação em troca da não-manifestação.
Parece loucura. Mas não é. Trata-se de uma estratégia de desmoralização dos poderes. Ou do regime político do país. Quando tudo estiver um caos, uma ditadura pode reordenar a casa.
ASSUNTOS: Amazonas, compaj, crime organizado, ioat, presídios rebelião, seap
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.