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Um 'tac' para a Umanizzare


Por Raimundo de Holanda

11/03/2020 21h04 — em
Bastidores da Política



Acusada de reaproveitar e vender para o Estado uniformes de presos e ter um passivo de mais de 200 mortos em sucessivas rebeliões durante o período em que administrou os presídios do  Amazonas, a Umanizzare continuou faturando alto no governo Wilson Lima. 

Fora os cerca de  R$ 1 bilhão que recebeu em menos de quatro anos - dados do Portal Transparência do governo do Amazonas - a empresa conseguiu um acordo generoso  com a Secretaria de Administração Penitenciária.  Em três termos de ajuste de contas - TAC - a Umanizzare faturou  mais   11 milhões  este ano, pelo trabalho sem cobertura contratual  para a secretaria somente em relação ao mês de dezembro do ano passado. 

O serviço de ressocialização  prisional, como é chamado “o trabalho” realizado pelas empresas de gestão de presídios, é considerado o mais rentável e um negócio no qual a política interfere diretamente. Como os interesses  nesses contratos são múltiplos e difusos, a fiscalização é falha,  às vezes falseada  ou não existe.

 

QUE PAÍS É ESTE ? 

 Executivo e Legislativo do Brasil perderam a noção de suas funções e prerrogativas. O presidente da República governa pelas redes sociais e o Congresso legisla sob ameaça da militância ideológica. A estratégia diversionista que emana do Planalto norteia o país.

A Constituição e os regimentos internos dos poderes e de seus órgãos perderam a ‘validade’ diante da força hipnótica dos apoiadores e seguidores. Perfis e manifestações ditam normas.

Chegamos ao absurdo. O presidente envia um projeto ao Congresso; depois convoca uma manifestação contra o Legislativo; por fim exige a não-votação em troca da não-manifestação.

Parece loucura. Mas não é. Trata-se de uma estratégia de desmoralização dos poderes. Ou do regime político do país. Quando tudo estiver um caos, uma ditadura pode reordenar a casa. 

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ASSUNTOS: Amazonas, compaj, crime organizado, ioat, presídios rebelião, seap

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.