Vereadores de Manaus usam a democracia em causa própria: 39 a 2
É razoável pensar que os vereadores não usam de má fé, mas está claro que lhes falta um mínimo de noção sobre a cidade que lhes concedeu um mandato para defender interesses de toda uma população, não projetos que, se não atentam contra a coisa pública, abrem uma avenida para delitos imediatos ou futuros.
Em recurso contra medida de primeiro grau que suspendeu edital de construção de um anexo ao preço de R$ 31 milhões, a Câmara Municipal de Manaus alega que não tem, atualmente, onde abrigar 1.800 funcionários, entre eles os 30 a 40 servidores a que tem direito cada um dos 41 vereadores. Para além do custo de um novo anexo, cabe discutir a forma como o Poder Legislativo cria suas sinecuras.
É sabido que, não por falta de espaço, pelo menos 40 por cento dos servidores não comparecem para trabalhar. O custo para o contribuinte é imenso.
A alegação de que a construção vai gerar empregos é uma afronta à inteligência dos manauaras. Pode gerar, sim, outras facilidades, que não cabe aqui assinalar.
A Câmara evoca ainda o direito da maioria sobre a minoria (apenas dois vereadores se insurgiram contra a construção) e ensina como funciona a democracia.
Outra tapa na cara de um povo já desiludido com um sistema de governo do qual os políticos se apropriaram, sem estender seus benefícios à sociedade. Não que exista nada melhor do que a democracia, mas seu exercício é precário. Na prática, o Brasil vive um momento em que a democracia é questionada, E com alguma razão…
É razoável pensar que os vereadores não usam de má fé, mas está claro que lhes falta um mínimo de noção sobre a cidade que lhes concedeu um mandato para defender interesses de toda uma população, não projetos que, se não atentam contra a coisa pública, abrem uma avenida para delitos imediatos ou futuros.
Um novo prédio é tudo o que a Câmara Municipal de Manaus não precisa agora. Não a este custo.
“Não há lesividade presumida”, como alegaram os dois vereadores, diz a contestação que você poderá ler abaixo na integra. Mas é óbvio a imoralidade do projeto, os danos que poderão causar ao erário.
Sua construção, com todos os aditivos que estão na ponta da agulha, a sua utilização com os mais de 55 vereadores com os novos gabinetes que serão construídos, já é lesiva, por se tratar de previsão de futuro do crescimento populacional da cidade.
Mas por mais que se grite, por mais que se aponte que é imoral, é praticamente certo que o prédio será construído, que a decisão de primeiro grau será derrubada.
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O fato relevante é que a construção é uma decisão de um Poder soberano e não cabe ao Judiciário interferir. Mas cabe a você, eleitor, acertar as contas com os 39 vereadores que aprovaram o projeto de construção.
Veja abaixo quantos servidores tem cada vereador:
Glória Carrate
34
Jaildo dos Rodoviários
40
Marcel Alexandre
40
David Reis
28
Marcelo Serafim
39
Professor Samuel
37
Professora Jacqueline
39
Rosivaldo Cordovil
40
Joelson Silva
37
Ver/ Bessa
34
Diego Afonso
30
Everton Assis
36
Ver. Fransuá
24
Ver Rauxinho
30
Rosinaldo Bual
39
Sassá da Construção
25
Wallace Oliveira
37
Daniel Vasconcelos
35
Alan Campelo
35
Amon Mandel
25
Caio André
30
Capitão Carpê
27
Done Carvalho
24
Eduardo Assis
31
Eduardo Alfaia
35
Elan Alencar
40
Ivo Neto
40
Jander Lobto
30
João Carlos Melo
31
Kennedy Anjos da Rua
26
Lissandro Breval
22
Márcio Tavares
35
Luis Mitoso
34
Antonio Peixoto
35
Raiff Matos
21
Rodrigo Guedes
30
Sandro Maia
39
Thaysa Lippy
38
Wanderley Monteiro
25
William Alemão
24
Yomara Lins
29
A maioria dos vereadores dessa lista , leitor, você certamente não conhece, nunca ouviu falar… Leia abaixo na integra a defesa que a Câmara Municipal de Manaus faz da construção de um novo prédio para abrigar vereadores futuros e servidores.
Clique para baixar arquivoRaimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.